tag:blogger.com,1999:blog-9035805670603003992024-02-19T04:25:43.814-03:00 MIDIARIOEu mídia. A mídia e eu.luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.comBlogger156125tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-12810330938484936322020-08-05T21:19:00.001-03:002020-08-05T21:22:59.039-03:00EXISTE AMOR ETERNO?<br /><div><div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" data-testid="post_message" id="js_1c" style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 1.38; margin-top: 6px;"><div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_5f2b4a4b2642b8479014758" style="display: inline; font-family: inherit;"><p style="font-family: inherit; margin: 6px 0px;">Podem duas pessoas se amar por toda a vida? O tal amor eterno existe?<br />Vinícius de Moraes escreveu versos imortais na canção “Eu sei que vou te amar”, cantada, repetida e nas mais das vezes mentida, por milhares de casais.</p><div class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;"><p style="font-family: inherit; margin: 0px 0px 6px;">“Eu sei que vou te amar<br />Por toda a minha vida eu vou te amar<br />Em cada despedida eu vou te amar<br />Desesperadamente, eu sei que vou te amar’”</p><p style="font-family: inherit; margin: 6px 0px;">Mas também se contradisse no “Poema da fidelidade”:</p><p style="font-family: inherit; margin: 6px 0px;">“E assim, quando mais tarde me procure<br />Quem sabe a morte, angústia de quem vive<br />Quem sabe a solidão, fim de quem ama</p><p style="font-family: inherit; margin: 6px 0px;">Eu possa me dizer do amor (que tive):<br />Que não seja imortal, posto que é chama<br />Mas que seja infinito enquanto dure.’” ‘</p><p style="font-family: inherit; margin: 6px 0px;">E aí? Onde está a resposta? Creio que a resposta está em cada história, em cada um dos envolvidos na relação, seu compromisso, comprometimento e, claro e acima de tudo, no amor que os une. Mas a resposta está também na época em que se vive. Somos filhos do nosso tempo. E hoje, o tempo é do descarte, já escrevi isso. Somos co(r)pos descartáveis. Somos aquelas laranjas nas máquinas das lanchonetes, que passam uma a uma, são espremidas e, saído o caldo, sobra o bagaço, vem outra laranja. Nossas relações são assim. Amores líquidos, vorazes e fugazes. Se tudo é descartável, é pra usar e jogar fora, logo as pessoas também.<br />Mas não precisa ser assim, aliás não deveria ser assim. A pesquisa que fiz no Instagram mostrou que 70% das pessoas acreditam no amor pra vida toda. Então o que estamos fazendo de nossas vidas breves e descartáveis?<br />Pra essa maioria que ainda acredita no amor pra sempre uma história que me emociona e vai tocar você também.<br />Will Durant, historiador, filósofo e escritor norte americano, q escreveu uma obra monumental, dentre ela a História da Civilização, em 10 volumes, foi casado 68 anos com Ariel Durant, sua parceira de trabalho.</p><p style="font-family: inherit; margin: 6px 0px;">Ela era sua aluna e quando casaram Ariel tinha 15 anos. Etel sofreu um avc aos 83, em outubro de 1981. No final do ano Will sofreu uma cirurgia cardíaca e se recuperava bem. Temendo que ele estivesse morrido ela se recusou a se alimentar e morreu no dia 25 de outubro. A família tentou bloquear de todas as formas que a informação chegasse a ele, mas ele acabou sabendo pela televisão. Ele morreu uma semana depois, aos 96 anos.<br />A vida tem muitos exemplos de que casais podem se amar a vida toda. Mas nossos tempos descartáveis escancaram o contrário. Vivemos o tempo do prazer. Do corpo. E esquecemos o prazer do encontro de almas. Aquele é momentâneo. Esse pode ultrapassar os limites terrestres. Como disse um poeta medieval: “somos anjos de uma asa só. Só juntos podemos voar’. E pra sempre.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuLBB9R8MFt2voSYuxp7FE_2SydBK6MYAqAnKMR3GQ2uw-Gsi92TtlYZqDFnj6O7cDas3UAM_wu03vE5wd_I0KOmFTppaYkSCMbhlVe044BBUEbk9ZnU8mpn95raN7h5r0DYb6Y1W4HIk/s960/casal.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="779" data-original-width="960" height="415" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuLBB9R8MFt2voSYuxp7FE_2SydBK6MYAqAnKMR3GQ2uw-Gsi92TtlYZqDFnj6O7cDas3UAM_wu03vE5wd_I0KOmFTppaYkSCMbhlVe044BBUEbk9ZnU8mpn95raN7h5r0DYb6Y1W4HIk/w512-h415/casal.jpg" width="512" /></a></div><div><br /></div></div></div></div><div class="_3x-2" data-ft="{"tn":"H"}" style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px;"><div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;"><div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;"><div style="font-family: inherit; position: relative;"><div class="_5cq3 _1ktf" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit; margin-left: -12px; position: relative;"><a ajaxify="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=4338253266192646&set=a.176803389004342&type=3&eid=ARCsgUGEjNqpAI1NyiRWqQlnU6Y1_A3UxPpPAAiOS6WrYfQsd4mWQL3fT4q9R9R3BEnkluFuOK5DMYiZ&size=960%2C779&source=13&player_origin=unknown" class="_4-eo _2t9n" data-ploi="https://scontent.ffor8-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/116664054_4338253272859312_7180936283354732616_n.jpg?_nc_cat=102&_nc_sid=8024bb&_nc_eui2=AeFPUNf4Q-u_CMv3wkOcuzlmwmF73ceBK8HCYXvdx4ErwXqxF_nkbWtVt7SR8TMm552QY8KN0cW_kEpb757Fy16g&_nc_ohc=MaP_L3OqucQAX89dySH&_nc_ht=scontent.ffor8-2.fna&oh=3547ddcfab727df947bee80102145bc4&oe=5F510A91" data-render-location="timeline" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=4338253266192646&set=a.176803389004342&type=3&eid=ARCsgUGEjNqpAI1NyiRWqQlnU6Y1_A3UxPpPAAiOS6WrYfQsd4mWQL3fT4q9R9R3BEnkluFuOK5DMYiZ" rel="theater" style="box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.05) 0px 1px 1px; color: #385898; cursor: pointer; display: block; font-family: inherit; position: relative; text-decoration-line: none; width: 514px;"></a></div></div></div></div></div></div><div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-65290178154105836082020-08-03T21:00:00.000-03:002020-08-03T21:01:08.316-03:00O vazio nosso de cada dia<br />
<br />
Li uma entrevista do Tom Jobim, numa revista do século passado, numa sala de espera, onde ele dizia que todos temos um vazio dentro nós que jamais preencheremos. Que por mais que se aprenda, se viva; por mais que nos busquemos e até nos encontremos, nunca conseguiremos preencher esse vazio. O que é esse vazio, o porquê dele, Jobim deixava para os entendidos na alma humana. Assino embaixo. Mas que ele existe, o vazio, dentro de mim, dentro de todos, ele existe. O que é esse peso na minha alma nessa manhã franzina, de chuva? O vazio pesa. O que é esse cinza que entristece e descolori meu dia? O vazio tem cor.<br />
Passamos a vida aos tapas e aos tombos com ele. Passamos a vida tentando preencher o vazio. No verso, no copo cheio, no sexo, no shopping, no trabalho... Escrevo por isso – tô tentando. E você? Enfrenta o seu vazio de que maneira? Colecionando amores? Esvaziando garrafas? Afundando no trabalho? Abrindo a geladeira? Também escrevendo?<br />
Pense comigo: por que será que quando vamos a uma festa, quando saímos à noite, temos que beber? Se não se bebe parece que a coisa não liga, não tem graça, fica vazia, enfim. Festa boa é de porre grande. Alguém disse que festa boa é aquela que no outro dia a gente jura que quer esquecer. As pessoas hierarquizam a diversão na medida em que bebem e conseguem se livrar das inibições, dos medos, e dele, claro, do vazio, que assim fica submerso no álcool. Que pobreza as nossas diversões – alegria movida a cerveja, sorrisos movidos a falsidade, simpatias movidas a interesses, o outro sendo apenas prato para matar a fome! Fome de quê? Mas nada extingue, supera, resolve o problema do vazio.<br />
Ele não tem hora para atacar, mas é a noite que age mais furiosamente. Por isso na noite bebemos mais, fumamos mais. Às vezes ataca de manhã, pior nas segundas-feiras, ao acordarmos e olharmos para o dia e a semana à frente como dois parênteses sem nada dentro, ou talvez pior, como uma página já escrita e da qual sabemos tudinho que vai acontecer até o ponto final. Uma página-dia cheia de vazio, enfim...<br />
<br />
Mas pensando bem, desdigo tudo. Eu não quero deixar de me deparar com o vazio, vez por outra. Porque eu gosto de ter medo, me sentir inseguro, meio perdido e confuso diante da maravilha que é a vida e as pessoas todas, tão atrapalhadas todas. Porque existindo vazio, o pecado pode ser doce, o amor eterno, o gole suave e a geladeira uma grande amiga (que bom, num domingo, em casa, sem nada pra fazer, abrir a geladeira e encontrar algo muito bom pra comer e tentar encher o vazio, que , não se engane, não é no estômago). Porque por causa do vazio, existe mais sensível a música, a poesia, a arte toda, o sorriso do filho, a beleza da mulher que passa do outro lado da rua e que nunca mais se verá, o dia de sol, o dia de chuva e... a geladeira.<br />
<br />
Pensando bem, na próxima vez que o vazio me atacar, vou tratá-lo bem. Faça o mesmo, sugiro. Afinal, vamos viver juntos a vida toda. Nós e o vazio. E depois, é graças a ele que a gente enche do outro, do emprego, do mundo e da vida que se leva, vazia, e se arranca para novos caminhos – outros carinhos, outro cartão-ponto, outro mundo. E pensando bem, dá pra aguentar ser feliz sempre? Nada mais triste do que alguém que anda sorrindo sem parar por aí. Credo, parece gente cheia de risada, sem vazio.<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-32736941965906360542017-04-30T19:12:00.001-03:002017-04-30T19:15:05.740-03:00BELCHIOR: A VIDA FICOU MAIS BELA DEPOIS DELE<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9v8r40AG5xSsyL9XyIYZjMEFeNo4sRBaY0LrTs0YVIv3v2cPEXhNz56SvCm9wIcHlCZK6j3WzmnMUeWG6UJ9aPCfuJQDOBn1sfPgWXYmsyJ4TgWj4u8KzcoIjkQhTE08Le5KB8UO1YaQ/s1600/belchior-filme.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9v8r40AG5xSsyL9XyIYZjMEFeNo4sRBaY0LrTs0YVIv3v2cPEXhNz56SvCm9wIcHlCZK6j3WzmnMUeWG6UJ9aPCfuJQDOBn1sfPgWXYmsyJ4TgWj4u8KzcoIjkQhTE08Le5KB8UO1YaQ/s320/belchior-filme.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hemingway resgatou, dá pra dizer que popularizou (num mundo
que não lê), e dá pra dizer, ainda, eternizou na nossa finitude, os versos do
poeta inglês medieval John Donne, na abertura de “Por quem os sinos dobram”: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #F3F5F6; line-height: 13.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 3;">
<span style="color: #212124; font-family: "helvetica" , sans-serif; font-size: 10.5pt;">“A morte de qualquer homem me
diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por
quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #F3F5F6; line-height: 13.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 2;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O poema é maior, esses são os últimos versos. E eu na
adolescência, quando fui tocado por ele,
o decorei todinho. Volta e meia, quando alguém morre, dependendo do
quanto me toca, lá vou eu recitando: “ nenhum homem é uma ilha, isolado em si
mesmo...”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Escrevo à propósito de Belchior, o maior gênio cearense e que
marcou toda a minha vida e continuará marcando pra sempre, com seus versos sem
igual. Foram noites infinita bebendo sua poesia. Serão sempre! Ele continuará vivo, claro, na
beleza que nos legou. Mais vivo do que nunca, nesse tempo em que a música
brasileira, virou sinônimo de baixaria, com a apologia do sexo e da bebedeira,
sem poesia, com os safadões que invadiram nossa vida, fazendo-a ainda mais
pobre. Na verdade, fazendo jus ao tempo triste e pobre que vivemos como nação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A morte física de Belchior me diminui bastante, como me
diminuiu a morte de Lennon, Vinícius “e tanta gente que partiu”, porque sou
parte do gênero humano e ele faz parte do que o gênero tem de melhor. Mas
fica, paradoxalmente, agora que morreu,
cada vez mais vivo, como acontece com todo grande artista quando morre,
como Russo, Cazuza...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Saudemos, pois, a
imortalidade de Belchior, um cara que até no modo que escolheu para viver, foi
diferente desse admirável gado novo em que nos transformamos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Deixo aqui, em reverência e agradecimento, uma letra, um
poema, em que Belchior fala justo de John Donne, num cruzamento da vida desses
dois gênios separados por 5 séculos, e que pouca gente deve ter se dado ao
trabalho de pesquisar quem era.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US">Ave
Belchior! Ave Donne! </span>Ave a beleza que não há de morrer enquanto ecoarem
seus versos, apesar, acima e além de toda a pobreza que se canta (encanta?) por
aí.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<h1 style="margin-top: 0cm;">
<span style="color: #ff6600; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 11.0pt; letter-spacing: -0.75pt; line-height: 107%;">Em Resposta
à Carta de Fã<o:p></o:p></span></h1>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span class="apple-converted-space"><b><span style="color: #444444; font-family: "arial" , sans-serif;"> </span></b></span><b><span style="color: #444444; font-family: "arial" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div style="margin-bottom: 19.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="color: #444444; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 11.0pt;">Baby,
respondo enfim<br />
aquela carta de fã<br />
que você mandou pra mim.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: 19.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="color: #444444; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 11.0pt;">Sabe,
quase que eu ia fazendo a canção tropical que você me pediu.<br />
Mas quem sou eu, mentalidade mediana, para imitar Jorge Ben?<br />
Por favor não confunda as coisas! toda a canção é vulgar!<br />
Eu é que sou um cara difícil de domesticar.<br />
Gato violento e cruel? ora, ora!<br />
Você já ouviu falar em política? oh! não.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #444444; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 11.0pt;">Poema, o que e um poema? Isto não
é do meu tempo<br />
Tempo de sex drug and rock and roll, computador!<br />
Mas não se engane! sou do poetariado,<br />
Um roqueiro fingido, estreando a vida fácil, meu amor.<br />
Obrigado pelo brando do subúrbio, pelo garoto de aluguel.<br />
Não sou nenhum Alain Delon!<br />
Pra terminar meu livro de cabeceira para ler com todo o corpo<br />
e aquele de que fala a elegia de Donne.<o:p></o:p></span></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-17979716566567474652016-11-17T12:22:00.004-03:002016-11-17T12:22:59.167-03:00DA SÉRIE "MINHAS CANÇÕES" : TAKE FIVE, COM DAVE BRUBECK<br />
<i>Take Five </i> é uma das obras-primas do jazz, e pra mim, a obra-prima de Dave Brubeck. Ele gravou essa música em 1959, com o Dave Brubeck Quartet. Além da melodia "diferente", ela tem um solo antológico do baterista Joe Morello, com cerca de dois minutos. Se você não conhece, aproveite para se deliciar com música da melhor qualidade. Feche os olhos e, quando "ver", estará acompanhando com os dedos. Ela tem o compasso 5/4, de onde o nome. Brubeck não foi o primeiro a usar essa métrica, mas foi o que divulgou-a para o mundo.<br />
Brubeck foi um gênio. Nasceu em 1920 e morreu 91 anos depois. Até nisso extrapolou. Aprendeu a tocar piano aos 4 anos, mas não gostava de método e nunca aprendeu a ler partituras. Na faculdade quase foi expulso quando descobriram que ele não lia música. Mas muitos professores o defenderam pelo talento. A faculdade receava que isso pudesse causar um escândalo, afinal como um aluno da faculdade de música da University of the Pacific não sabia ler partituras? A instituição só aceitou em lhe dar o diploma se ele concordasse em nunca dar aulas de piano. Claro que ele topou, e ganhamos um gênio.<br />
O autor da canção é Paul Desmond, que doou os direitos de toda sua obra, incluindo <i>Take Five</i>, à Cruz Vermelha. Bora ouvir (e bater os dedos).<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/vmDDOFXSgAs/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/vmDDOFXSgAs?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-26804587215172481602016-11-14T17:31:00.002-03:002016-11-14T17:31:49.353-03:00QUANDO AS FILHAS VÃO (ou, SÓ PRA QUEM TEM FILHAS ADOLESCENTES)<br />
<div style="background: white; text-align: justify;">
<em><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Arial Black", sans-serif;"><span style="color: red;">Vossos filhos não são vossos filhos (...)/ Vêm através de vós, mas não
de vós/ Pois suas almas moram na mansão do amanhã/</span></span></em><span style="font-family: "Arial Black", sans-serif;"><span style="color: red;"> </span><em><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"><span style="color: red;">Que vós não podeis visitar nem
mesmo em sonho(...)</span> </span></em></span><em><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #6a6c6e; font-family: Arial, sans-serif;">(Gibran)</span></em></div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<em><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #6a6c6e; font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></em></div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><i><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Arial Black", sans-serif;">Há um período em que os pais vão ficando
órfãos dos próprios filhos (...) </span></i><i><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Arial Black", sans-serif;">deveríamos
ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma
respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os
adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas
coloridas<span class="apple-converted-space">(...)</span></span></i></span><span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Verdana, sans-serif;"> (</span></span><span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif;">Sant’Anna)</span></span><i><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #6a6c6e; font-family: "Arial Black", sans-serif; font-size: 13pt;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAU2R0eC7GYdzUVejK9FTzMonNcoF1yYWsrJak9r0GiDX9Y8mcFfazoTp8Jx26aFi62ZmrHL7mUG1n1VW1KZUtw7f61Kp4u32qHVyqcbEAoVSRfxb5rjnpYYY-5fuoO3zf5HQ3mSlgDLA/s1600/VALEN+14+DE+11+201.jpg" imageanchor="1" style="font-family: Verdana, sans-serif; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAU2R0eC7GYdzUVejK9FTzMonNcoF1yYWsrJak9r0GiDX9Y8mcFfazoTp8Jx26aFi62ZmrHL7mUG1n1VW1KZUtw7f61Kp4u32qHVyqcbEAoVSRfxb5rjnpYYY-5fuoO3zf5HQ3mSlgDLA/s320/VALEN+14+DE+11+201.jpg" width="179" /></a></span></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7BatcrVogn-A80NBsSbr1nlgCGXWk2tE3OgUyHfsUlAvnbxNUC6KDP5xZd4L8xqi93n-MkJMUUFQTtGdZlC8jK4x_o5npWmNuQdMsQ4F7_9duiOYJSPcuDWN1oVAwV-mxYa1K0Db9RSA/s1600/VALEN+14+DE+11+201.jpg+23+jpg.jpg" imageanchor="1" style="font-family: Verdana, sans-serif; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7BatcrVogn-A80NBsSbr1nlgCGXWk2tE3OgUyHfsUlAvnbxNUC6KDP5xZd4L8xqi93n-MkJMUUFQTtGdZlC8jK4x_o5npWmNuQdMsQ4F7_9duiOYJSPcuDWN1oVAwV-mxYa1K0Db9RSA/s320/VALEN+14+DE+11+201.jpg+23+jpg.jpg" width="173" /></a></div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Vendo
minha filha sair pra uma festa, toda produzida, linda, não posso ficar calado.
Mas fiquei. Explico: embora, sem falsa modéstia, sabendo que escrevo bem e o
motivo era mais do que inspirador, fiquei tão, digamos, perturbado, encantado,
assustado com a força e a magia do tempo, que não consegui escrever nada. Só me
vieram à cabeça dois textos que, agora sim, modestamente, eu não faria melhor.
E quero deixá-los aqui para deleite e emoção de todos que tem filhas adolescentes/jovens.
Se você conhece vale ler de novo, se não, prepare o seu coração, principalmente
para o texto do poeta e cronista Affonso Romano de Sant’Anna. Dizer que passa
um filme na cabeça da gente, além de lugar comum, não diz a verdade. Passa uma
série inteira. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #222222;">Gibran Khalil Gibran</span>,<span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;"> </span></span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #222222;">ensaísta, filósofo, prosador, poeta,
conferencista e pintor de origem libanesa</span> e seu poema sobre os filhos...
bem, é ler, refletir. Eles já estão no palco! É hora de sentar na primeira fila
e assistir perturbado, encantado,
assustado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" style="background: white; text-align: center;">
<span style="color: #ba231b; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.5pt;"><br />
</span><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.5pt;">Antes que elas cresçam</span></b><b><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" style="background: white; text-align: right;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Affonso
Romano de Sant'Anna</span></b><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border: none; mso-border-bottom-alt: solid windowtext .75pt; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 1.0pt 0cm;">
<div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: none; padding: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.<br />
<br />
É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas
e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a
inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos
preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com
uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.<br />
<br />
Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.<br />
<br />
Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade
que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.<br />
<br />
Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele
cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as
festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do
maternal?<br />
<br />
Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E
você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas
cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam
esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas
filhas, em pleno cio, lindas potrancas.<br />
<br />
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme
de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter
amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas
não tem jeito, é o emblema da geração.<br />
<br />
Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de
jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a
primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos
gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da
ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas
teses e nos doutoramos nos nossos erros.<br />
<br />
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.<br />
<br />
Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto
de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas,
quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura
francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de
suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como
naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o
primeiro jantar no apartamento dela.<br />
<br />
Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir
sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os
adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas
coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”,
ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas,
não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.<br />
<br />
Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto.<span class="apple-converted-space"> </span><br />
<br />
No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos,
comidas, engarrafamentos, natais, pás</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-align: center;">coas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as
brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e
sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de
campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era
impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse
exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos.
Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de
repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
<br />
O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do
carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode
morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão
incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso
afeto.<br />
<br />
Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.</span><o:p></o:p></div>
<div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: none; padding: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: none; padding: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div style="background: white; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;">Os Filhos</span></b><b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;"><br />
Gibran Khalil Gibran. Do Livro <i>"O
Profeta"</i></span></b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Uma mulher que
carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">E ele falou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Vossos filhos não são
vossos
filhos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">São os filhos e as
filhas da ânsia da vida por si
mesma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Vêm através de vós,
mas não de vós. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">E embora vivam
convosco, não vos
pertencem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Podeis outorgar-lhes
vosso amor, mas não vossos
pensamentos, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Porque eles têm seus
próprios
pensamentos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Podeis abrigar seus
corpos, mas não suas
almas; <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Pois suas almas moram
na mansão do
amanhã, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Que vós não podeis
visitar nem mesmo em
sonho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Podeis esforçar-vos
por ser como eles, mas não procureis fazê-los como
vós, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Porque a vida não
anda para trás e não se demora com os dias passados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Vós sois os arcos dos
quais vossos filhos são arremessados como flechas
vivas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">O arqueiro mira o
alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua
força <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Para que suas flechas
se projetem, rápidas e para longe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Que vosso
encurvamento na mão do arqueiro seja vossa
alegria: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Pois assim como ele
ama a flecha que
voa, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;">Ama também o arco que
permanece estável. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div style="background: white; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-8152672748081142572016-11-03T16:05:00.000-03:002016-11-03T16:16:56.664-03:00CORREMOS TANTO PRA FICAR PARADOS<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; tab-stops: 21.25pt;">
<span style="line-height: 200%;">(Excerto do meu mestrado como uma
contribuição para a reflexão sobre a velocidade de nossas vidas “paradas”)<span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2PKC4ASYUln-v_I-oVm0QMBPwOPEWtYFFHcQyUjIF6AchqF6ALhSz4lWq9RK9gwPjpqE6uys0DzAL2mghRU-xCWTJiNVIAjidfsYtADVd3JMu0SIIKim_W1yd4NKglRvjXqSdVdrlhZk/s1600/velocidade.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="352" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2PKC4ASYUln-v_I-oVm0QMBPwOPEWtYFFHcQyUjIF6AchqF6ALhSz4lWq9RK9gwPjpqE6uys0DzAL2mghRU-xCWTJiNVIAjidfsYtADVd3JMu0SIIKim_W1yd4NKglRvjXqSdVdrlhZk/s640/velocidade.jpg" width="640" /></a><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 200%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
Vivemos
hoje o tempo da velocidade absoluta. A velocidade com que fazemos
transferências bancárias, é a mesma que nos coloca on-line com o mundo pelo
telefone celular, ou pela Internet, é a velocidade com que trocamos as cartas
pelos e-mails, ou descartamos amigos e amores, ou trocamos de lugares
(não-lugares) e empregos (desempregos). A tecnologia, notadamente a da
indústria cultural, e nessa com destaque para o emaranhado de redes infoeletrônicas,
satélites e fibras óticas, nos coloca diante de um mundo impensado. <o:p></o:p><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 55.0pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Coexistimos sob o signo da ultra velocidade [...].
Diante de nossas retinas, sucede-se um turbilhão de imagens, sons e dados que
ora nos convence de que somos privilegiados pela abundância, ora nos atordoa
com a impressão de que jamais conseguiremos reter uma ínfima parte dessa
aluvião informacional. Porque tudo é perturbadoramente veloz e imediato. O
tempo real se dilui e se restaura sem direito a intervalos. As informações, mal
chegaram, já estão de partida [...]. Os controles remotos, por sua vez, são
acionados freneticamente. Em <i>Mídias sem
limite </i>[...], Todd Gitlin [Rio de Janeiro: Record, 2003, p. 102] cita
pesquisa segundo a qual os controles são acionados até 107 vezes por hora pelos
três quartos dos norte-americanos com menos de 30 anos que assistem diariamente
aos noticiários televisivos.<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=903580567060300399#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: small; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-size: 16pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="line-height: 200%;">Kundera
no romance A lentidão (1995, p. 5-6) nos faz desacelerar e pensar quando narra
um motociclista ultrapassando o personagem que viaja devagar, de carro:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 55.0pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">[...] o
homem curvado em sua motocicleta só pode se concentrar naquele exato momento de
seu vôo; agarra-se a um fragmento retirado tanto do passado quanto do futuro; é
arrancado da continuidade do tempo; está fora do tempo; em outras palavras está
num estado de êxtase [...]. A velocidade é a forma de êxtase que a revolução
técnica deu de presente ao homem. Ao contrário do motociclista, quem corre a pé
está sempre presente em seu corpo, forçado sempre a pensar em suas bolhas, em
seu fôlego; quando corre, sente seu peso, sua idade, consciente mais do que
nunca de si mesmo e do tempo de sua vida. Tudo muda quando o homem delega a uma
máquina a faculdade de ser veloz: a partir de então, seu próprio corpo fica
fora do jogo e ele se entrega a uma velocidade que é incorpórea, imaterial,
velocidade pura, velocidade em si, velocidade êxtase.<span style="font-size: 16pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="line-height: 200%;">Mais
adiante, Kundera (1995, p. 6) pergunta:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 55.0pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Por que o prazer da lentidão desapareceu? Ah, para
onde foram aqueles que antigamente gostavam de flanar? Onde estão eles, aqueles
heróis preguiçosos das canções populares, aqueles vagabundos que vagavam de
moinho em moinho e dormiam sob as estrelas?</span><br />
<span style="font-size: 16.0pt;"><br /></span>
<span style="text-indent: 70.9pt;">Por
sua vez, Virílio (apud Sant’Anna, 2001, 16) “não cessa de lembrar o quanto ‘a
corrida é eliminatória’, polui distâncias, anula intervalos, suscita muito mais
o uso de reflexos do que da reflexão”. E Barthes (1985, 62) vai ser categórico:
“a 2.000 por hora, em atitude constante, nenhuma sensação de velocidade”, ou
seja, em velocidade tamanha, a impressão é de que se está parado. Estranha
matemática essa que o homem matematizado pela razão vive hoje: é preciso ter
pressa, correr, a tecnologia exige velocidade, no teclado, no acelerador, na
academia, mas tanto mais corre mais se tem a sensação de que se está atrasado,
perdendo o pique, perdendo a história, perdendo o emprego, o casamento,
perdendo a vida. Como lembra Tucherman (1999, 15) “é que parecemos estar
atrasados não em relação ao nosso futuro, mas em relação ao nosso próprio
presente”. Estranha lógica que coloca todos na mesma estrada, com os mesmos
objetivos, com os mesmos pensamentos sem saber porque os pensa, uma
uniformização “que faz parte do próprio processo da indústria cultural, imposto
a uma sociedade que, apesar de toda a racionalização, permanece irracional”
(Hermann, 2005 [no prelo]</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="line-height: 200%;">O mundo
globalizado, a cultura mundializada, o mundo todo envolto num só manto de
pensamento único, a eletrônica, a informática tudo isso faz com que a vida seja
acelerada... para o vazio. O homem da cidade anda mais rápido do que o homem do
campo, se alimenta mais rápido, em tudo ganhou velocidade – até mesmo no sexo
conceituou a “rapidinha”, o ato sexual veloz, por vezes feroz, e sem
comprometimento – mas estranhamente, parece estar com o freio de mão puxado.
Corre e parece não avançar. Corre para chegar no semáforo, corre para chegar na
fila, corre para ficar parado. E talvez apenas nesses momentos o homem se dê
conta do quanto sua vida se vai e se esvai, o que foi muito bem captado por
Paulinho da Viola, na sua canção S<i>inal
fechado, </i>onde dois motoristas (homens instrumentalizados) conversam,
rapidamente, à espera do sinal abrir:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Olá,
como vai?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Eu
vou indo e você, tudo bem?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Tudo
bem, eu vou indo, correndo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Pegar
meu lugar no futuro e você?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Tudo
bem, eu vou indo em busca<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">De
um sono tranqüilo, quem sabe?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Quanto
tempo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Pois
é, quanto tempo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Me
perdoe a pressa<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">É
a alma dos nossos negócios<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Qual,
não tem de quê<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Eu
também só ando a cem<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Quando
é que você telefona<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Precisamos
nos ver por aí<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Pra
semana prometo, talvez<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Nos
vejamos, quem sabe?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Quanto
tempo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Pois
é, quanto tempo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Tanta
coisa que eu tinha a dizer<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Mas
eu sumi na poeira das ruas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2PKC4ASYUln-v_I-oVm0QMBPwOPEWtYFFHcQyUjIF6AchqF6ALhSz4lWq9RK9gwPjpqE6uys0DzAL2mghRU-xCWTJiNVIAjidfsYtADVd3JMu0SIIKim_W1yd4NKglRvjXqSdVdrlhZk/s1600/velocidade.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a><span style="font-size: 16.0pt;">Eu
também tenho algo a dizer<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Mas
me foge a lembrança<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Por
favor, telefone, eu preciso<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Beber
alguma coisa rapidamente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Pra
semana<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 162.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">O
sinal<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; tab-stops: 21.25pt;">
</div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 11.35pt; text-align: justify; text-indent: -11.3pt;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=903580567060300399#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">[1]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><span style="font-size: 10.0pt;"> Do texto de Denis Moraes <i>A vida na era da saturação midiática</i>, publicado na revista virtual <i>Ciberlegenda, </i>número 12, 2003, da Universidade Federal Fluminense e
disponível no <i>site</i>: </span><i><u><span style="color: blue; font-size: 10.0pt;">http://www.uff.br/mestcii/denis10
.htm</span></u></i><span style="font-size: 10.0pt;"> (27/07/2004).</span><o:p></o:p></div>
</div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-91496587827316399012016-10-01T10:43:00.002-03:002016-10-01T10:43:34.680-03:00FIM DE SEMANA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg32uMoIED7BYSyvIXEBEmzSTG3RkqlYuwMbUr6_9WuiWtQXop4oeZDnTZarn4xHxN8LPJrUb6P8jDyf7Z4ikD_SWGVYtIjzZ62hAMDVdM_KEZkxO_aUHl9n0xMCFv2CvVpXxxCFTyMge4/s1600/papel+em+branco.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg32uMoIED7BYSyvIXEBEmzSTG3RkqlYuwMbUr6_9WuiWtQXop4oeZDnTZarn4xHxN8LPJrUb6P8jDyf7Z4ikD_SWGVYtIjzZ62hAMDVdM_KEZkxO_aUHl9n0xMCFv2CvVpXxxCFTyMge4/s320/papel+em+branco.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Chegou o fim
de semana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Página em
branco pra escrever<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Veja lá o
que você vai fazer<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Dê
preferência à paz, à beleza e à poesia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Muito mais
que às garrafas vazias.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-69966206163664917122016-09-17T19:00:00.000-03:002016-09-17T19:01:57.738-03:00DA SÉRIE "MINHAS CANÇÕES" - TOM WAITS, O BUKOWSKI DA MÚSICA<br />
<span style="background-color: white; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Maluco, estranho, insólito, extravagante, e pra mim genial. Desconhecido pela maioria esmagadora dos brasileiros é </span></b></span><span style="color: blue; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-weight: bold;"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsico" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Músico">músico</a><span style="background-color: white;">, </span><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Instrumento_musical" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Instrumento musical">instrumentista</a><span style="background-color: white;">, </span><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Compositor" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Compositor">compositor</a><span style="background-color: white;">, </span><a class="mw-redirect" href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Vocal" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Vocal">cantor</a><span style="background-color: white;"> e </span><a class="mw-redirect" href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Actor" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Actor">ator</a><span style="background-color: white;"> </span><a class="mw-redirect" href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Estados Unidos da América">norte-americano</a></span><span style="background-color: white; color: blue; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-weight: bold;">. Sua voz grossa e rouca e suas letras esquisitas e intrigantes, sem falar na música, marcam a personalidade de sua música. Fumante e beberrão seria o Bukowski músico. Não por acaso que é grande amigo de Johnny Deep, outro doidinho. </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="color: blue;"><span style="background-color: white;">Waits possui uma considerável obra, constituída de quase 30 álbuns (incluindo </span><a class="mw-redirect" href="https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lbuns_de_est%C3%BAdio" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Álbuns de estúdio">álbuns de estúdio</a><span style="background-color: white;">, compilações e álbuns ao vivo), e mais de 50 participações diretas (como ator) e indiretas (compondo trilhas sonoras) em filmes. Já foi indicado a um grande número de prêmios musicais, tendo ganhado o </span><a class="mw-redirect" href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Grammy_Awards" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Grammy Awards">Grammy Awards</a><span style="background-color: white;"> por dois álbuns:<i> </i></span><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Mule_Variations" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Mule Variations"><i>Mule Variations</i></a><span style="background-color: white;"> e </span><a class="new" href="https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Bone_Machine&action=edit&redlink=1" style="background: none rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" title="Bone Machine (página não existe)"><i>Bone Machine</i></a>. Oito milhões já viram esse vídeo. O que prova que não estou sozinho. </span></b><br />
<div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: blue;"><br /></span></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/1wfamPW3Eaw/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/1wfamPW3Eaw?feature=player_embedded" width="320"></iframe><br />
<br />
<br /><div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-68676611578785139622016-09-13T08:31:00.000-03:002016-09-13T08:32:00.932-03:00NA REDE DO TEMPO<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">A gente
deitava na rede entre os livros<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Tempão
balançando,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8VPDbtKEpOKowFwzWCMaNxJJ2ffwKnNGuAQ9moeZlmzSSElzijTnxkIWr8F1fWgpPsxgh1wePHlG-yAb5mEf_lQYEDEgztSwtYz8sef3F5VNgRPG7_A_AoEOvh0Aq3PhCJFVm-p1pJjs/s1600/rede-de-dormir-pintada-a-mao-pintura-maual.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8VPDbtKEpOKowFwzWCMaNxJJ2ffwKnNGuAQ9moeZlmzSSElzijTnxkIWr8F1fWgpPsxgh1wePHlG-yAb5mEf_lQYEDEgztSwtYz8sef3F5VNgRPG7_A_AoEOvh0Aq3PhCJFVm-p1pJjs/s320/rede-de-dormir-pintada-a-mao-pintura-maual.jpg" width="320" /></a><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">jogando
conversa fora<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">E lá fora<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">O vento
zunia <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">na janela<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">eu era feliz
e sabia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">ela que
não era <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">e não sabia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Perdeu tempo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Ganhei tempo<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><br /></span>
<span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;">Contra-tempos</span><div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-57206533364079754892016-09-06T09:34:00.001-03:002016-09-06T09:34:52.342-03:00ESTAMOS FICANDO SURDOS DE NÓS MESMOS(Escrito para OBVIOUS, o maior site de cultura cooperativa em língua portuguesa)<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">Cage e Satie fizeram peças para não se ouvir. O primeiro, com
4’33 queria que se “ouvisse” o silêncio que o som do silêncio musical produzia;
o segundo queria que a música suplantasse o silêncio que se abate sobre as
conversas e sobe os ruídos do mundo. Num tempo em que vivemos mergulhados e
bombardeados por sons de toda ordem, seja no trânsito, nos fones de ouvido, na
gritaria das ruas, nas mensagens e posts das redes sociais, é interessante
pensar sobre o silêncio, principalmente o silêncio dentro de nós. Estamos
ficando surdos de nós mesmos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX-f-9fOiTLmrNDGiUgR5QfL9RZCn56X6cdXqJgY5nPYt29zPwIOJiQIU8D8yT2AMBvivBCsFatEXwglkOmxDHsCPzoxFm4KjrVvzcOlpvlBqKMTZrN0tnB4KnIOPbNg4QlAXG10JwRGk/s1600/sil%25C3%25AAncio.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; font-size: 18.6667px; line-height: 37.3333px; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX-f-9fOiTLmrNDGiUgR5QfL9RZCn56X6cdXqJgY5nPYt29zPwIOJiQIU8D8yT2AMBvivBCsFatEXwglkOmxDHsCPzoxFm4KjrVvzcOlpvlBqKMTZrN0tnB4KnIOPbNg4QlAXG10JwRGk/s320/sil%25C3%25AAncio.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">Imaginemos essa cena.
Numa sala de concerto o pianista senta-se ao piano, levanta a tampa do teclado,
acomoda-se, ajeita sua casaca, exercita os dedos dedilhando o ar, folheia a
partitura, repousa as mãos sobre o teclado sem emitir som e, por exatos 4
minutos e 33 segundos não toca absolutamente nada. A obra 4’33, de John Cage,
compositor norte-americano revolucionário de meados do século XX, é assim
mesmo: para se ouvir o silêncio. Por alguns minutos o púbico permanece quieto,
esperando... Logo a plateia se
impacienta e ouvem-se murmúrios e burburinhos. Que palhaçada é aquela? Alguns se perguntam, perguntando para quem
está do seu lado. Já não há mais silêncio. Cage leva ao extremo, com 4’33, o
debate sobre o tempo na música e, por extensão sobre a própria liberdade de
criar, que tanta polêmica gerou a partir de textos críticos de Adorno sobre a
obra de Stravinsky, que o frankfurtiano criticara. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">No início do século, um
outro músico, o francês Erik Satie, de quem Cage é tributário, pensa a música
como um objeto, um móvel para o espaço onde as pessoas conversam, almoçam. Ele
chama de <i>Musique d'Ameublemen, </i>música-mobília<i>. </i>Certa vez, no intervalo de uma peça de
Max Jacob ele resolve apresentar sua obra “mobília”. Distribui pelos cantos da
sala um piano, três clarinetes e um trombone, que tocam fragmentos musicais
desconexos. O público, cercado por estes sons desconcertantes, passa a ouvir em
silêncio educado. Exatamente o contrário do que Satie queria. Não se contendo,
ele determina: "Falem! Mexam-se! Façam qualquer coisa, mas não
escutem!". Era uma música para preencher o ambiente, assim como uma
cadeira ou uma estante, mas não para ser o ponto principal da atenção. Era
música para tapar o silêncio inconveniente das falas, abrandar o tilintar dos
talheres e abafar os ruídos que vinham da rua. Satie, um excêntrico que
guardava milhares de cartas nunca abertas, que usava em qualquer ocasião um
mesmo modelo de casaca listrada e que dava nomes estranhíssimos às suas obras –
como <i>Três Passagens em Forma de Pêra</i>
- inventou a música ambiente quando os ambientes não estavam preparados para
sua música. Cage e Satie fizeram peças
para não se ouvir. O primeiro, com 4’33 queria que se “ouvisse” o silêncio que
o som do silêncio musical produzia; o segundo queria que a música suplantasse o
silêncio que se abate sobre as conversas e sobe os ruídos do mundo. Num tempo
em que vivemos mergulhados e bombardeados por sons de toda ordem, seja no
trânsito, nos fones de ouvido, na gritaria das ruas, nas mensagens e posts das
redes sociais, é interessante pensar sobre o silêncio, principalmente o
silêncio dentro de nós. Estamos ficando surdos de nós mesmos. Quem para alguns
minutos que seja, quando chega em casa e senta quieto a ouvir nada? Ou a se
ouvir, num mergulho em si? Cada vez mais
distantes da natureza, caminhamos e corremos nos parques e na praia, com fones
que nos roubam o canto dos pássaros, o ruído do mar, ou mesmo nossa respiração e passsadas.
Cage provocou o silêncio que perturbou as pessoas e Satie queria preencher o
silêncio das falas fáticas e vazias, na maioria. Numa certa medida são
contraditórios, mas ambos nos fazem refletir sobre nossa relação com o silêncio
e nosso afastamento da natureza, e, consequentemente, de nós mesmos.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<o:p></o:p><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 1.0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></b></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-83697666622005217562016-09-03T07:07:00.002-03:002016-09-04T09:18:33.595-03:00A MULHER AMADA NUA (revisado)<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><i>Quem troca de corpos com frequência, só tem troca de corpos. Não que isso seja ruim, mas é incomparável à troca de corpos com almas. Aliás não é troca, é toque. Dormir com a mulher amada, fazer amor com a mulher amada e acordar ao lado da mulher amada é tocar sua alma, mesmo que quando vc depois a olha, nua, atirada entre os travesseiros, não sabe por onde ela anda.</i></span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><i><br /></i></span>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQn9Ydyf7wJXys1SYoTJQIpc_E9tmYQK3XRKcegv_lx9_7MxhXGLC45hulDoGak8C3wAN803fOW1hz3tnd_agATgVHrXaFIGTqwyJPBbgPLOp5WL3cm3ftJndO1ioqU6khMGiOxfqocIo/s1600/mulher+amada+nua.jpg" imageanchor="1" style="line-height: 19.32px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQn9Ydyf7wJXys1SYoTJQIpc_E9tmYQK3XRKcegv_lx9_7MxhXGLC45hulDoGak8C3wAN803fOW1hz3tnd_agATgVHrXaFIGTqwyJPBbgPLOp5WL3cm3ftJndO1ioqU6khMGiOxfqocIo/s1600/mulher+amada+nua.jpg" /></a></span><br />
<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Olhar a mulher amada dormindo, nua, mergulhada nos travesseiros é um momento/sentimento único. Olhar aquele corpo, ali estirado, mergulhado no seu mundo, provoca uma multidão de pensamentos. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Aquele corpo é o corpo da alma que eu amo, e onde andará ela nesse instante? Sonha com o quê? Por onde vagará?, nadando em mares verdes, andando por matagais perigosos, pratos saborosos, outros braços? Ah, se desse para entrar nos seus sonhos agora e descobrir isso q</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">ue nem ela desvenda, sua alma misteriosa...<br />Aquele corpo é o corpo que eu amo. Que em noites de tempestade, sacode a terra com seus frêmitos, gemidos e gozos. Que em noites de calmaria, se aconchega ao meu corpo e deixa seu perfume invadir meus pulmões, seu calor aquecer meus pelos, e sua respiração ao meu ouvido exaltar o estar vivo ao lado dela, duas vidas unidas em corpo e alma.<br />Quando olho sua pele morena, onde veias parecem rios que correm cheios de seiva para o seu coração que pulsa ao som do mistério da vida e do nosso encontro tão desencontrado, tudo tão lindo, tão louco, tão calmo, tão tudo...<br />Quando vejo seus cabelos ‘assanhados’ (Deus do céu!) pelo sono e pelos meus dedos, que não se cansam de correr entre eles, harpa silenciosa, percebo o quanto é belo vê-la tão ‘desproduzida’, tão minha, tão nós.<br />Isso é olhar para a mulher amada dormindo. E ao acordá-la, cara inchada de noite, hálito pesado de noite, dizer "bom dia, acorda pra ser amada". Muito diferente de olhar aquela estranha que passou a noite com você e que ao acordar, assim meio sem jeito e sem assunto, os dois forçam uma intimidade baseada na noite que tiveram, mas que por mais prazerosa que tenha sido, foi isso apenas, a noite prazerosa que tiveram. E pode nunca mais se repetir.<br />Não há comparação ao se acordar ao lado da mulher amada, e contemplá-la com sua beleza, até com o que para ela é não beleza, uma estria aqui uma celulite aIi, uma gordurinha que se já </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">insinua... porque a mulher amada está acima disso, até porque aqueles ‘defeitinhos’ são a história do seu corpo, as marcas do seu tempo. São ‘indefeitos’.<br />Quem troca de corpos com frequência, só tem troca de corpos. Não que isso seja ruim, mas é incomparável à troca de corpos com almas. Aliás não é troca, é toque. Dormir com a mulher amada, fazer amor com a mulher amada e acordar ao lado da mulher amada é tocar sua alma, mesmo que quando vc depois a olha, nua, atirada entre os travesseiros, não sabe por onde ela anda. Mas vc sabe que está na alma dela, de alguma forma, e sabe que no corpo dela estão as marcas do seu, e vice versa. E o vice versa é isso, é amor, é corpo e alma.</span><div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-46844255730805962692016-08-28T13:33:00.001-03:002016-08-28T13:33:44.679-03:00MINHAS CANÇÕES<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">A partir de
agora, meu blog passa a ter um pouco mais da minha “vidalma”, com as músicas
que amo, que fizeram parte dessa minha trajetória atrapalhada pelo planeta. E
para começar não podia ser outro, o maior gênio dos últimos 500 anos desse
país. Wesley Safadão que me desculpe, mas falo de Chico. Só isso já basta.
Chico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Aqui, “Se eu
soubesse”, o lado feminino da alma iluminada desse cara iluminado. Corações ao alto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/ATJWixIc74A/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/ATJWixIc74A?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-29166315098634594912016-08-27T00:29:00.000-03:002016-08-27T00:29:53.500-03:00 NÃO DEIXE PARA AMANHÃ O AMOR DE HOJE. AMOR É PRATO QUE SE COME QUENTE E COM PIMENTA <br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL2AxqiMi56eTgOwfrdHQynj2dAI0FCFw4CyvBBtq6DP_XEXNCxqJfhdm_w8mCSl4sh_fiBrWHHB6B_bS6RVkX_YbZEIH_C4Dv_kHnWaOyNexQL06p1QILfJ_yB028pogMPfcoZDAftWw/s1600/As+Pontes+de+Medison.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL2AxqiMi56eTgOwfrdHQynj2dAI0FCFw4CyvBBtq6DP_XEXNCxqJfhdm_w8mCSl4sh_fiBrWHHB6B_bS6RVkX_YbZEIH_C4Dv_kHnWaOyNexQL06p1QILfJ_yB028pogMPfcoZDAftWw/s320/As+Pontes+de+Medison.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cena do filme "As pontes de Madison"</td></tr>
</tbody></table>
"Da série dos outros, q amo"<br />
<br />
<div style="background: white; border-bottom: solid #333333 1.5pt; border: none; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 1.0pt 0cm;">
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: none; margin-bottom: 0.0001pt; padding: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: none; margin-bottom: 0.0001pt; padding: 0cm;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span class="apple-converted-space"><b><span style="background: white; color: #333333; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 9.0pt; line-height: 107%; text-transform: uppercase;"> </span></b></span><a href="http://obviousmag.org/cinema_pensante/autor/"><b><span style="background: white; color: #d44949; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 9.0pt; line-height: 107%; text-transform: uppercase;">SÍLVIA MARQUES</span></b></a>, <span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">in Obvious</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="background: white; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;">Muitas vezes,
esperando o momento ideal para viver o amor, deixamos o melhor da vida ir
embora sem ao menos nos despedirmos com alguma pompa e circunstância.
Inventamos milhares de desculpas para não nos envolvermos completamente, para
não mergulharmos de cabeça em relações que poderiam se tornar o nosso amor com
A maiúsculo.</span></b><b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;">É uma pena perceber que existem mais casais formados pela conveniência
social, pelo "amor" de costume do que pelo amor mesmo. É triste
perceber que a maioria das pessoas passa pela vida sem conhecer e sem saborear
o amor com A maiúsculo. Ás vezes, não acontece mesmo. Vai se fazer o que?
Toca-se a vida e pronto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;">O triste mesmo é
quando a pessoa deixa o amor passar por medo ou por incapacidade de se adequar
a uma situação não tão fácil. O triste é quando a gente deixa este amor
especial passar por birra , por preguiça , por descrença na vida , por
descrença em nós mesmos , no outro , no amor em si.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;">Muitas vezes,
esperando o momento ideal para viver o amor, deixamos o melhor da vida ir embora
sem ao menos nos despedirmos com alguma pompa e circunstância. Inventamos
milhares de desculpas para não nos envolvermos completamente , para não
mergulharmos de cabeça em relações que poderiam se tornar o nosso amor com A
maiúsculo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;">Obviamente , é muito
simples entender por que as pessoas temem o amor. O amor pode ser muito
doloroso. Muito doloroso mesmo. Talvez a rejeição amorosa seja uma das piores
dores que existem. E mesmo quando um amor é feliz , relacionar-se exige uma boa
dose de desprendimento, o que não está muito em moda ultimamente. Cada vez mais
encontramos menos pessoas dispostas a compartilhar e a vivenciar experiências a
dois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;">Ás vezes, por
questões contingenciais, somos obrigados a esperar pelo amor. Sim, somos
obrigados a esperar quando quem amamos está com medo. Quando quem amamos
precisa pular algum obstáculo interno para chegar até nós.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;">Mas se tivermos a
possibilidade de alcançarmos o amor , não há nada melhor do que saboreá-lo em
fartas garfadas , bem quente , pelando, com molho de pimenta por cima. Sim,
amor é prato que se come quente. Deixar o amor no forninho é um baita
desperdício, é vida jogada fora. Cada semana , cada dia , cada momento que nos
privamos da presença da pessoa amada é uma semana , um dia , um momento
perdidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-9053566298382470642016-08-19T21:55:00.000-03:002016-08-20T08:13:18.039-03:00SEPARAÇÃO E O VIRA-LATAS<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY3pViBgJO0FmpIP0nnQkLdyWMS0DctvL084V0deNeeMMuUMvo1V26J_mby8Fl17xgjPk2UkvQGWZVrbNoLgNS7c5rHf0HEVFu-UkKI_LGQC4vazBWiiFKWuPBwcEi2TTs9yDMYKeFimU/s1600/separa%25C3%25A7%25C3%25A3o.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY3pViBgJO0FmpIP0nnQkLdyWMS0DctvL084V0deNeeMMuUMvo1V26J_mby8Fl17xgjPk2UkvQGWZVrbNoLgNS7c5rHf0HEVFu-UkKI_LGQC4vazBWiiFKWuPBwcEi2TTs9yDMYKeFimU/s1600/separa%25C3%25A7%25C3%25A3o.JPG" /></a><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Da outra
separação<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Era tanta
coisa que doía<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Que até das
coisas falta eu sentia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">A gente
aguenta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Mas que
saudades eu tinha<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Até das
ferramentas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Parceiras de
final de semana<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Dessa vez
agora <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Era tudo que
doía<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">A gente
aguenta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Mas que saudade
que eu senti <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Até de minha
coleção de pimentas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Deixadas
morrer sequinhas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">E até, como
é que pode?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Senti falta
do mais feio vira-latas,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Que me fazia
festa com sua cauda fedorenta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">A gente
aguenta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Mas a
saudade mais cruel<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">É da pessoa
que eu era naquelas histórias<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Feliz,
romântico, confiante no juntos pra sempre<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Mais um eu
morto vivendo na minha memória<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 21.3333px; line-height: 22.8267px;">Mas já vejo um contraponto</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Um cemitério
ao contrário, mistura de Incidente em Antares <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Com Pasárgada<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">de bons
momentos dentro mim<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">que mais
parece um jardim<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">onde rego
minhas plantas e pimentas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">do jeito que
nunca fiz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">e elas florescem
lindas, coloridas <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">e com
Mercedes dou ‘gracias a la vida<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">por me ha
dado tanto’.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Às avessas, <i>gauche, </i>feliz.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-31780200830807186642016-08-18T15:50:00.001-03:002016-08-18T15:50:36.084-03:00A VIDA SERIA MAIS SIMPLES SE AS PESSOAS NÃO VOMITASSEM FELICIDADE FALSA<br />
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5;">
<span style="background-color: white; line-height: normal;">Da série "Dos outros, que amo".</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5;">
<span style="background-color: white; line-height: normal;"><b> </b></span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5;">
<span style="background-color: white; line-height: normal;"><i>Patrícia Marques</i></span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5;">
<span style="background-color: white; line-height: normal;"><b><br /></b></span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5;">
<span style="background-color: white; line-height: normal;"><b>A vida seria mais simples se as pessoas fossem mais elas mesmas. Se elas olhassem nos olhos dos outros e falassem sobre seus problemas, seus medos. A vida seria mais simples se a gente não precisasse provar que é bem-sucedido o tempo todo. Seria mais simples se a gente pudesse gostar das pessoas independentemente da vida que elas levam. Se a gente pudesse dizer sem constrangimento algum que está se sentindo um monte de merda e que a vida pode ser bem complicada sim. Talvez, se admitíssemos mais o caos que é viver, não sofreríamos tanto. Talvez, se desfocássemos mais daquilo que dizem que é importante , mas que não faz sentido para nós, fôssemos mais bem sucedidos num sentido mais amplo. </b></span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5;">
<span style="background-color: white; line-height: normal;"><b><br /></b></span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5;">
<span style="background-color: white; line-height: normal;"><b><br /></b></span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5;">
<span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; line-height: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMWxNAsFXsPQ7Vk2zOouKg4y0GNYGN9bdKx-q5Ro-3Cp-z6aSfeAc_sw6d0ejFo4NbSDJBKBabsFlM6Tqz3fVVIdiXB6Sb2QCXaHtMCikpHh6w2VQ5CUcUv9_89-jGA4VSB6CKjrAzt1A/s1600/selfie.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMWxNAsFXsPQ7Vk2zOouKg4y0GNYGN9bdKx-q5Ro-3Cp-z6aSfeAc_sw6d0ejFo4NbSDJBKBabsFlM6Tqz3fVVIdiXB6Sb2QCXaHtMCikpHh6w2VQ5CUcUv9_89-jGA4VSB6CKjrAzt1A/s320/selfie.jpg" width="320" /></a><b><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box;" /></b></span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5;">
Sim, a vida seria bem mais simples e espontânea se as pessoas não vomitassem felicidade falsa nem tentassem o tempo todo provar um equilíbrio que elas não têm. Ninguém acorda super bem todos os dias. Ninguém se sente disposto para uma cerveja depois do expediente todos os dias. Ás vezes a gente fica mal mesmo, lembra de um monte de fatos trash e quer chorar na cama que é lugar quente. Ás vezes as coisas não parecem fazer muito sentido e a gente quer ficar fechadinho dentro da gente mesmo.</div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5; margin-top: 1em;">
A gente não é obrigado a ficar feliz e comemorar porque é Natal, réveillon ou dia dos namorados. A gente não precisa necessariamente sorrir e querer curtir porque faz sol, porque a gente está na praia ou porque disseram que a vida é simples e é o ser humano que complica.</div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5; margin-top: 1em;">
A gente não precisa rejeitar a tristeza como se fosse uma doença pestilenta. Ela faz parte da vida como a alegria. Só precisamos tomar cuidado para não transformá-la em um hábito ou nos esconder atrás dela por medo de ser feliz ou ainda dar importância demais a problemas e principalmente à pessoas pequenas. Este é um exercício e tanto que pode levar anos ou a vida inteira. Mas me parece que vale a pena.</div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5; margin-top: 1em;">
A vida seria mais simples se as pessoas fossem mais elas mesmas. Se elas olhassem nos olhos dos outros e falassem sobre seus problemas, seus medos. A vida seria mais simples se a gente não precisasse provar que é bem-sucedido o tempo todo. Seria mais simples se a gente pudesse gostar das pessoas independentemente da vida que elas levam. Se a gente pudesse dizer sem constrangimento algum que está se sentindo um monte de merda e que a vida pode ser bem complicada sim. Talvez, se admitíssemos mais o caos que é viver, não sofreríamos tanto. Talvez, se desfocássemos mais daquilo que dizem que é importante , mas que não faz sentido para nós, fôssemos mais bem sucedidos num sentido mais amplo.</div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5; margin-top: 1em;">
Talvez se mostrássemos mais os nossos rostos demaquilados e nossas almas nuas, se não nos defendêssemos tanto uns dos outros, se não nos importássemos tanto em mostrar que somos melhores do que os outros, pudéssemos ser mais unidos, mais solidários, mais amados, mais amantes.</div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 1.5; margin-top: 1em;">
Se a gente entendesse que todo mundo está no mesmo barco...Rogo pelo dia em que as mulheres casadas se assumam sozinhas e mal amadas. Rogo pelo dia em que as mulheres solteiras confessem que uma companhia faz falta sim e que fazer tudo sozinha pode ser muito triste. Rogo pelo dia em que os homens tanto casados como solteiros afirmem com todas as letras que morrem de medo das mulheres e que nunca deixam de ser meninões. Rogo pelo dia em que as mães gritem desesperadas o quanto estão cansadas e as que não têm filhos lamentem esta lacuna em suas vidas. Que os crentes reclamem dos grilhões da fé e que os ateus lamentem não crer. Que todos se assumam meio perdidos, meio sozinhos nesta vida louca. Rogo para que as pessoas assumam como o passado é doloroso e o futuro incerto. E depois de tantas confissões acaloradas, que elas possam respirar fundo, sorrir umas para as outra e seguir em frente cheias de coragem. Que depois de tudo, a gente pudesse cantar juntos I will survive e nos sentir intimamente ligados ao outro por meio da nossa vulnerabilidade, por meio da nossa capacidade irrestrita e desgovernada de dar e receber amor.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", Lato, sans-serif; font-size: 16px;"><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box;" /></span><div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-9604022651448971252016-08-16T18:09:00.001-03:002016-08-16T18:09:40.434-03:00O NÃO-VIVIDO DE NOSSAS VIDAS<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfdmzQC7cMjMpQs5Op3bSiqUPyA60veF9z_l3WmqqY0xrZk8qpPNy9_W7XfTIud86_jbh_h4ChHZmDeagpuE-1dOBBb_mHjGD0jfXCTx0fehjTK7LiQQmyd4pU1FGc2O9kB1W-bFKj6AE/s1600/adesivo+de+parede-pintura+em+parede.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfdmzQC7cMjMpQs5Op3bSiqUPyA60veF9z_l3WmqqY0xrZk8qpPNy9_W7XfTIud86_jbh_h4ChHZmDeagpuE-1dOBBb_mHjGD0jfXCTx0fehjTK7LiQQmyd4pU1FGc2O9kB1W-bFKj6AE/s400/adesivo+de+parede-pintura+em+parede.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="line-height: 24.5333px;">"E as histórias q começaram e acabaram no não-vivido mais? Das amizades ao amor. Aquela amizade que parecia ser pra sempre, de tanta afinidade e cumplicidade, e a gente foi deixando esfriar, até ir parar no limbo, jogado num cantinho dos contatos das redes sociais? Eventualmente vira uma ‘curtida’, e só...</span><br />
<span style="line-height: 24.5333px;">E aquela relação tão forte, aquele amor, aquela admiração, atração intensa pelo outro, parceria, a divisão das dificuldades e a multiplicação das conquistas e alegrias, que por detalhe, acabou?..."</span><br />
<span style="line-height: 24.5333px;"><br /></span>
<span style="font-size: 21.3333px; line-height: 24.5333px;"><br /></span>
<div class="Standard" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Artur da Távola deixou textos
memoráveis sobre o amor, e num deles ele fala justamente do não-vivido. Aquele
cara bacana q sentou do seu lado no metrô, q rolou um papo super bom, de muita
afinidade em tão curto tempo, que lhe deu cartão, q pegou seu telefone... e
nunca mais se falaram. Porque você não quis ligar primeiro, porque ele também
não quis, ou porque tinha alguém, porque você perdeu o cartão dele, ou...ou...<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Quantas histórias não foram vividas,
ou, melhor, foram não-vividas por detalhes? Ou se você preferir, por coisa do
acaso, do destino. Você já pensou quantas coisas, estou falando aqui de coisas
boas, q não lhe aconteceram por um pequeno porém? Gente que você não conheceu,
emprego que não aconteceu... porque o e-mail não chegou, o voo foi perdido, não
saiu aquela noite porque estava com dor de cabeça, não foi à entrevista de
emprego porque...<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">E as histórias q começaram e acabaram
no não-vivido mais? Das amizades ao amor. Aquela amizade que parecia ser pra
sempre, de tanta afinidade e cumplicidade, e a gente foi deixando esfriar, até ir
parar no limbo, jogado num cantinho dos contatos das redes sociais? Eventualmente
vira uma ‘curtida’, e só. Já virou uma amizade não-vivida mais. A falta de tempo, novos amigos, ou novos
conhecidos, a mudança de bairro, uma discussãozinha no bar – e que depois não
tiramos a limpo. Limbo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">E aquela relação tão forte, aquele
amor, aquela admiração, atração intensa pelo outro, parceria, a divisão das
dificuldades e a multiplicação das conquistas e alegrias, que por detalhe,
acabou? Detalhe aqui pode ser birra, mágoa, orgulho ferido, palavras pontiagudas,
atos frutos da banda podre, que todos carregamos; sentimentos ruins, enfim, o
lado lunar que todos temos. Porque diante do amor, tudo fica pequeno. Claro que
cada caso é um caso, mas na maioria dos rompimentos, falo quando existe amor,
qualquer motivo vira detalhe diante da grandeza do amor latente, e que acaba desrespeitado,
logo ele, tão sagrado e a grande
diferença que temos dos macacos, cavalos, cães... Preferimos molhar o
travesseiro à pegar o telefone e ligar, procurar, aliás a primeira coisa q a
gente faz é bloquear o outro no e-mail, Facebook, whatsApp... só não bloqueia
no coração, porque no coração não tem o botãozinho do excluir, do bloquear. E
aí pra sempre restará o não-vivido mais ....<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"> Aquela criatura que era o seu sonho de ter
filhos, viajar o mundo, construir uma vida juntos, morrer velhinhos, vira uma
outra pessoa, quando não, o diabo. E o amor mais não-vivido, passa a ser vivido
do rancor, do desamor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">A ideia q me assalta é q vivemos
muito mais o não-vivido e o mais não-vivido. Seja por acaso, pelo cartão
perdido, pelo telefonema não dado, pelo orgulho, pelo número bloqueado, pelo
tempo, que mais que a distância, afasta as pessoas. Por detalhe, pela ausência
do ‘desculpe a nossa falha’, as amizades se perdem, e os amores se morrem. No
não-vivido e no mais não-vivido pra sempre. E assim vivemos. Ou não.</span><o:p></o:p></div>
<br />
<div class="Standard" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-30638667943109974692016-08-11T12:12:00.001-03:002016-08-11T12:12:40.089-03:00OS ‘UNIVERSOTÁRIOS’ DA FACULDADE E DA MÚSICA<br />
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 115%;">"... até
a música que são obrigados a consumir, já que não lhes é dada outra alternativa
e também porque não foram ensinados a buscar, até a música, repito, é chamada
de ‘sertanejo universitário’. Ora, essa música pobre, todas iguais saídas da
mesma forma, de letras que incentivam a bebedeira e a putaria, ou choram o
chifre e o desamor, numa pobreza poética, essa sim, de fazer chorar, não é
sertaneja e muito menos deveria se chamar de ‘universitária’, uma ofensa a quem
busca crescer, mesmo que seja nesse engodo que hoje é o ensino superior.
Esperteza do mercado: se é universitário, é melhor. "</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy5Sb-XCEAbndBomxV0H1GhAGmliIVa0_Rubtf1WnUfdyidOzHzpUTumS6RGSDgvmUuCsC4gS-TmH0om2_YIPZ2NURqelHGQM2AG6TlICS8wyuf33fCXtJVdGzmAFRWSeC14-FblyHnpg/s1600/universot%25C3%25A1rio.jpg3.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy5Sb-XCEAbndBomxV0H1GhAGmliIVa0_Rubtf1WnUfdyidOzHzpUTumS6RGSDgvmUuCsC4gS-TmH0om2_YIPZ2NURqelHGQM2AG6TlICS8wyuf33fCXtJVdGzmAFRWSeC14-FblyHnpg/s640/universot%25C3%25A1rio.jpg3.jpg" width="347" /></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">As
universidades, cada vez mais, refletem essa verdade crua do mundo-mercado e
cada vez mais, como disse Ciro Marcondes Filho, tendem para o ensino
técnico-prático, formando “cada vez mais competências para repassar saberes
específicos e formados à la carte, tornando os professores meros instrutores da
operacionalidade técnica”. Nossas faculdades são cada vez mais
profissionalizantes. Jornalismo, Administração de Empresas, Direito, cada vez
mais são cursos técnicos, como Contábeis, Sistemas de Informação, Engenharia…
Cursos superiores? Acho um deboche à cultura que a humanidade começou a
construir desde 450 a. C. com os gregos, chamar esses cursos todos e todos os
outros não citados, de superiores. Superiores a quê? em quê? Ensinam, no
máximo, um fazer, uma técnica. Nunca um pensar o fazer. O ex-presidente da
Academia Brasileira de Ciências Contábeis e também da Academia Nacional de
Economia, Antônio Lopes de Sá, perguntado sobre o principal problema dos cursos
de Ciências Contábeis, disse: “falta filosofia, psicologia, tem contabilidade
demais e cultura de menos”. Lopes de Sá, era doutor em Contábeis e doutor em
Letras pela London University. Falta pensamento nos nossos cursos, isso que nos
faz diferentes das outras espécies, ou pelo menos vinha fazendo nesses últimos
séculos. Falta também emoção, falta afetividade nas nossas salas de aula. É
claro que isso não falta só nas faculdades, falta em todas as salas de aula,
com exceção das do prezinho. Aliás, já chamamos afetuosamente prezinho, porque
ele vem antes da sala de aula propriamente dita, aterradora, castradora. Como
lembrou Rubem Alves, estranho que nessa fase do prezinho, as crianças queiram
ir para a aula e depois isso se transforma numa coisa enfadonha, triste mesmo.
O sociólogo Francisco de Oliveira, tempera esse papo dizendo que “quando uma
criança tem medo e não consegue dormir no escuro, nós devemos ir lá e acender a
luz”. Nas nossas salas de aula de hoje o ar condicionado está ligado, mas as
luzes estão apagadas e nós, professores, não sabemos onde está o interruptor,
porque nunca nos disseram e tampouco fomos ensinados a procurar. Podemos até
ter a técnica de uma boa aula, dominarmos toda a tecnologia embutida/empurrada goela
abaixo de professores e alunos, mas não nos falaram sobre emoção, fraternidade.
E sem isso não existe talento, não existe criatividade. Sem amor ninguém
desperta. Ninguém desperta sem ser também cutucado, provocado nos porquês. Na
porrada, na cobrança, na competição, no máximo, se assusta. Basta ver a cara de
espanto dos jovens que são empurrados a fazer uma faculdade para, na melhor das
hipóteses, ter algum chance de futuro, incerto e inseguro. São empurrados para
um tal de empreendedorismo sonhando com concurso público, a única tábua para se
agarrar nesse mar de desamor, competição e insegurança. A universidade está
subserviente demais. “Diz-me, ó mercado, que tipo de formando quereis e eu te
darei”. E ele - o novo Deus - responde: “Quero gente fria, que saiba fazer e
não pense muito, quero gente-máquina, gente técnica que baixe a cabeça e
produza e não ouse olhar diferente, fazer perguntas, quero gente que só pense
em comprar uma calça nova, um carro novo, tomar a vodka da moda...”. E o pior -
ou melhor de tudo, dependendo do lado que se olha a coisa – é ver que os
universitários querem é esse ensino mesmo, embotados que já foram. Talvez seja
melhor chamá-los não de “universitários”, mas como Sérgio Augusto em artigo na
Bravo, de “universotários”. Porque até a música que são obrigados a consumir,
já que não lhes é dada outra alternativa e também porque não foram ensinados a
buscar, até a música, repito, é chamada de ‘sertanejo universitário’. Ora, essa
música pobre, todas iguais saídas da mesma forma, de letras que incentivam a
bebedeira e a putaria, ou choram o chifre e o desamor, numa pobreza poética,
essa sim, de fazer chorar, não é sertaneja e muito menos deveria se chamar de ‘universitária’,
uma ofensa a quem busca crescer, mesmo que seja nesse engodo que hoje é o ensino
superior. Esperteza do mercado: se é universitário, é melhor. Chega a doer essa
maldade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy5Sb-XCEAbndBomxV0H1GhAGmliIVa0_Rubtf1WnUfdyidOzHzpUTumS6RGSDgvmUuCsC4gS-TmH0om2_YIPZ2NURqelHGQM2AG6TlICS8wyuf33fCXtJVdGzmAFRWSeC14-FblyHnpg/s1600/universot%25C3%25A1rio.jpg3.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A
universidade cada vez forma mais gente só para produzir e consumir, enfim,
viver como máquina. E produzir se conseguir emprego. E consumir se tiver renda.
Sonhar, ousar, mudar, isso nunca. Aliás, sonho nesse mundo, só os que a mídia
cria, de preferência de consumo. A técnica venceu. O talento e a criatividade
perderam, eles só tem valor se for para o bem do mercado. A inteligência e a
sensibilidade também. O homem perdeu. Não há<i> iso</i>, reengenharia, essa
nova bobagem chamada <i>coaching, </i>ou
coisa que o valha, capaz de criar a emoção de ouvir uma peça de Satie, ler um
poema de Whitman (porque nunca foram apresentados a eles) ou mesmo a gratidão
alegre por uma mão pousada no ombro em meio ao turbilhão desumano que o ser
humano criou no trabalho, nas salas de aula, nos shoppings…coisas de outro
mundo, não desse mundo técnico-tecnológico, frio-interesseiro, que coloca ferro
nos dentes pro sorriso ficar bonito, mas não ensina nem diz do que rir, se não
for produzido pelo Grande Irmão de Orwell, que a Globo debochou criando o ‘Big
Brother’.<br />
E o homem pensa que está ganhando o
jogo. Ele está qualquer coisa, menos <i>iso.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-23742334194256023212016-08-09T19:01:00.000-03:002016-08-09T19:01:25.839-03:00A ARTE DE (DES)CRUZAR AS PERNAS <br />
(revisado)<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL65gQp5ggGhog77DZ_QUMmBpndER7ISXKvxJhPM7dlM-Qt2lWy0zBChN0GbycCT-eCVwJ8J9JaIf9Iq_aYMwWMcn6IJo3qC5YFTyaLlMHvs2n4evhrabqRo8_irF8daahiR8ynFeY9_A/s1600/pernas+cruzadas.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL65gQp5ggGhog77DZ_QUMmBpndER7ISXKvxJhPM7dlM-Qt2lWy0zBChN0GbycCT-eCVwJ8J9JaIf9Iq_aYMwWMcn6IJo3qC5YFTyaLlMHvs2n4evhrabqRo8_irF8daahiR8ynFeY9_A/s320/pernas+cruzadas.png" width="202" /></a><span style="font-size: x-small;"><span style="color: #333333; font-family: Georgia, serif; line-height: 25.6px;">Porque a mulher conjuga, como o homem não sabe conjugar, o verbo esperar. Ela espera no bar, na festa, que o homem, normalmente já escolhido, venha conversar. Ela espera o sangue vir, depois espera ele ir. Se o sangue não vem, ela espera bebê. Nove meses de espera. Coisa que homem nenhum suportaria. Ela embala</span><span style="color: #333333; font-family: Georgia, serif; line-height: 25.6px;"> </span><span style="color: #333333; font-family: Georgia, serif; line-height: 25.6px;">o bebê e espera ele dormir. Ela espera o homem vir.</span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; margin-bottom: 9.0pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, serif;">A mulher tem várias armas para derrubar, ou pelo
menos bambolear um homem, no jogo da sedução. Uma das mais eficazes é o cruzar
de pernas. Com saia ou vestido, claro. Aliás, essa é uma distinção - saia e
vestido – que está além da minha compreensão. Tudo pra mim é saia ou tudo é
vestido. Uma mulher que, diante de espécime macho, saiba cruzar as pernas e, o
que é mais perturbador, saiba descruzá-las, soma pontos valiosos na planilha da
sedução. A imortalidade de Sharon Stone está garantida não pela sua obra, mas
pelos cinco segundos de seu cruzar e, principalmente, descruzar de pernas.<br />
Antes de tudo, mais importante que tudo, acima de tudo, quase tudo: é preciso
calma nessa hora, digo, nessa arte. É preciso ser mesmo lenta, câmara lenta –
slow motion, para quem está mais acostumado ao português moderno. Aliás, a
calma, um jeito devagar de fazer tudo, irmã gêmea da delicadeza, deveria ser a
norma de todas as condutas da mulher. Na verdade, creio que as mulheres são
mais lentas por natureza, e, por favor, eu estou elogiando. As ligeirinhas,
agitadas, que me perdoem, mas não são o melhor do gênero. Foram corrompidas.
Esses tempos de velocidade, de potência, de gente máquina, esse cruzamento
doido de alma com tecnologia, que acelera tudo, isso é coisa de macho, mas
acabou atingindo a mulher. Mas no fundo, na essência, ela tem a calma. Porque a
mulher conjuga, como o homem não sabe conjugar, o verbo esperar. Ela espera no
bar, na festa, que o homem, normalmente já escolhido, venha conversar. Ela
espera o sangue vir, depois espera ele ir. Se o sangue não vem, ela espera
bebê. Nove meses de espera. Coisa que homem nenhum suportaria. Ela embala o bebê e espera ele dormir. Ela espera o
homem vir. Rubem Braga escreveu aos 20 e poucos anos uma bela crônica sobre a
mulher que espera homem. “Não importa que seja a esposa vulgar de um homem
vulgar; e que no fim a história do atraso dele seja também vulgar, neste
momento ela é a mulher esperando o homem”.<br />
E quando um pneu do carro fura, a mulher simplesmente desce e ... espera alguém
– homem, claro – para trocá-lo. No sexo, ela demora mais, e o homem, sem
paciência, não espera como ela certamente esperaria. Depois, ela espera um papo
carinhoso e ele não espera pra dormir. Até na hora da concepção se faz a
diferença – 350 milhões de espermatozóides em louca carreira para chegar ao
óvulo, que lentamente foi dos ovários para a trompa e lá, placidamente, espera
o vencedor da corrida. O que não é diferente aqui de fora, onde o homem corre,
corre, atrás de quem mesmo? Porra-louca dentro e fora.<br />
Então, mulher, busque a calma se ela anda agitada dentro de você, que ela lhe
pertence. A menos que você tenha 18 anos, ou por aí, porque aí é quase
impossível. Vale para todas o que Afonso Romano escreveu sobre a mulher madura:<br />
<br />
<i>"Há uma serenidade em seus gestos, longe dos desperdícios da
adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosas. A adolescente
não sabe ainda os limites do seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um
nadador principiante, faz muitos barulhos, joga muita água para os lados.
Enfim, desborda. A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um
peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo de repouso da garça sobre o
lago."</i><br />
<br />
Particularmente sempre disse que mulher
começa a virar gente depois dos 25. Homem, muitas vezes, nunca vira, vivendo
sempre o roteiro que lhe escreveram. A mulher espera se reiventar. Para encerrar esse papo vejamos a
localização do sexo no homem e na mulher. O homem, arma em riste; a mulher,
algo escondido - um lugar quente, úmido, pra dentro, estranho, muito diferente
do sexo dele, pra fora, solto no mundo (agite antes de usar). Mulher é interior
e tudo que isso implica - emoção, sexto sentido, mistério, conotação; homem é
exterior, e tudo que isso explica, denotação.<br />
Dito isso, minha amiga, calma sempre e em tudo, que esse bicho apressado
chamado homem corre tanto justamente pra chegar aí – um regaço morno, um cafuné
de mãos delicadas, a paz depois da correria, sono abraçado numa nuvem: ela
ressonando no seu ombro. Então, mãos à obra. Aliás, pernas. Mas bem
devagarzinho.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-80513299917766358852016-08-05T09:08:00.002-03:002016-08-05T09:11:16.343-03:00CORRER COM DEUS OU CORRER COM OS HOMENS<span style="line-height: 22.8267px;">Quando passava um cruzamento olhava para as pessoas nos carros, presas no ar condicionado e no vidro escuro (a cara de nossas vidas longe da vida), e ao mesmo tempo que sentia pena delas, me sentia constrangido. O que pensavam de mim, ali solitário, derretendo, ao invés de estar junto deles, "correndo" pro trabalho, pra aula, enfim, pra algo “produtivo”?</span><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuG0Sg5LgWaZEjjI-eIT8ZGx4E4Z3FusJUMN_Rj7ItOEbjYcz5JqFBbxuT8NL_EpzjWzPzDDDrGXu8nTlVctmYthihyphenhyphen4yi6zczP2LF6hvrES9pWqyMk6hf6yt61JW3tMn7XbTUmmv8NyI/s1600/678x360xcorrer-emagrece-correr-na-areia.jpeg.pagespeed.ic.NmShpRQEbP.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuG0Sg5LgWaZEjjI-eIT8ZGx4E4Z3FusJUMN_Rj7ItOEbjYcz5JqFBbxuT8NL_EpzjWzPzDDDrGXu8nTlVctmYthihyphenhyphen4yi6zczP2LF6hvrES9pWqyMk6hf6yt61JW3tMn7XbTUmmv8NyI/s400/678x360xcorrer-emagrece-correr-na-areia.jpeg.pagespeed.ic.NmShpRQEbP.jpg" width="400" /></a><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Agora que
minha vida enfim, começa a voltar ao normal, depois de 7 meses no limbo, pós
cirurgia e outras feridas, e retorno a correr, quero correr também pelos
pensamentos com você. Quero falar das diferenças de onde se corre. E do prazer
que é correr. E chegar mais uma vez a Deus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Comecei
correndo pela Oliveira Paiva, uma grande avenida aqui de Fortaleza. Depois
experimentei a Washington Soares, artéria maior ainda, mas que tem pista
central para quem corre, caminha ou anda de bicicleta. Por fim voltei a correr
na praia. E aí seguem minhas filosofadas semióticas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Correr na
Oliveira Paiva, uma avenida semelhante a tantas do Brasil a fora, é correr na
cidade com o que ela tem de mais cidade, isto é, calçadas irregulares, buracos,
sinaleiras, cruzamentos, carros e carros enfileirados, uns entrando nos postos
pra abastecer, outros saindo; bêbados e pedintes; vendedores de comida de rua,
tapioqueiras... enfim, é a cidade como ela é. A avenida tem vida, tem alma. Mas
tem a marca desse tempo: a pobreza da rua, o luxo e a solidão dos carros, com
gente apressada, atrasada, preocupada, estressada. Sem falar no ar que se
respira. Precisa tanta atenção, e tem tanta distração que desisti.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Mudei. Fui
pro corredor da Washington Soares. Correndo
cedo, passava por um aqui outro ali, gente com fones nos ouvidos e ladeado por
filas intermináveis de carros, mais uma vez com gente apressada, atrasada,
preocupada, estressada, querendo chegar a algum lugar. Mas aquela pista me
pareceu tão fria, me fez sentir tão só. Quando passava um cruzamento olhava
para as pessoas nos carros, presas no ar condicionado e no vidro escuro (a cara
de nossas vidas longe da vida), e ao mesmo tempo que sentia pena delas, me
sentia constrangido. O que pensavam de mim, ali solitário, derretendo, ao invés
de estar junto deles, "correndo" pro trabalho, pra aula, enfim, pra algo
“produtivo”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Não senti a
alma da cidade, que ficava nas calçadas. Me incomodou. Sem falar no ar, de
novo. Ali também não era lugar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Por fim,
voltei à correr na praia. Uau! Ufa! Aff! Que diferença!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Pés
descalços na areia, mar rugindo do lado, sol e brisa fazendo dueto no meu
corpo. Algumas pessoas também corriam, e, surpresa!, sorriam, davam “bom dia”. Casais caminhavam de mãos, bandos de
cachorros se exercitavam atrás de peixes jogados fora, milhares de conchinhas saudavam meus passos ...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 12.0pt;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Ali estava Deus. Ele também estava nas avenidas. Muitos
deviam estar nos seus carros, ouvindo hinos, pastores, padre Marcelo, Reginaldo
Manzotti. Deus era o bêbado caído, aquele homem com uma placa “tô com fome”.
Cristo é o outro. Mas a diferença é que naquela confusão toda, a gente nem nota
isso. É tanta atenção-distração que a gente nem nota a si mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Correndo sozinho na praia, sentia Cristo
correndo do meu lado. “Bora, cara!”. Olhava o horizonte azul e lá estava Ele.
Extenuado, tomei um banho, me atirei na areia olhando o céu. E lá estava Ele.
Sei que Ele está em todo lugar, mas na maioria dos lugares que construímos (ou
destruímos) é mais difícil encontrá-Lo. Por isso voltei ao mar. Ou o mar voltou
pra mim. Se você corre na cidade, e pode dar um jeito de correr na praia,
faça-o. Mesmo que você só busque saúde, vai ser muito melhor. Mesmo que você
não creia ou não busque Deus, Ele está lá te esperando. Na paz, na brisa, no
rugir das ondas, no infinito do horizonte e do olhar pra cima. E principalmente do olhar pra dentro. Vai ser muito
melhor.</span><div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-11080552750512362432016-08-04T11:51:00.000-03:002016-08-04T11:51:22.407-03:00A MÁQUINA EM CADA UM DE NÓSDa série "Dos outros, que amo".<br />
<br />
Carlos Drummond de Andrade, mais atual do que em 38. Com vídeo de Caetano.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/AqNjbqQwOzE/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/AqNjbqQwOzE?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.2px;">
<strong>Elegia 1938</strong></div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.2px;">
<strong><br /></strong></div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.2px;">
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,<br />onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.<br />Praticas laboriosamente os gestos universais,<br />sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.</div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.2px;">
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,<br />e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.<br />À noite, se neblina, abrem guardas chuvas de bronze<br />ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.</div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.2px;">
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra<br />e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.<br />Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina<br />e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.</div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.2px;">
Caminhas entre mortos e com eles conversas<br />sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.<br />A literatura estragou tuas melhores horas de amor.<br />Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.</div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.2px;">
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota<br />e adiar para outro século a felicidade coletiva.<br />Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição<br />porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.</div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-31954278217649490292016-08-03T14:48:00.002-03:002016-08-03T14:48:49.526-03:00O AMOR NO TEMPO DO FAST- FODA(revisado)<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRgBH7yuNKN_8Yr8UZjoXubXtafwNE4zFpEgghpCrM5O-IYRSEwNbb5YcyfEZ3BdwJ2NNJfRakRWHLzFVRuGo6eSR-zu4qigFXORpQozw6tMjxerEMUgQx2fRcHr5gl7ZBdkqPyi-TtAk/s1600/amor-botanico_gde.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRgBH7yuNKN_8Yr8UZjoXubXtafwNE4zFpEgghpCrM5O-IYRSEwNbb5YcyfEZ3BdwJ2NNJfRakRWHLzFVRuGo6eSR-zu4qigFXORpQozw6tMjxerEMUgQx2fRcHr5gl7ZBdkqPyi-TtAk/s320/amor-botanico_gde.jpg" width="264" /></a></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Imagine uma situação hipotética onde um homem e uma mulher que
nunca viram uma cena de amor entre namorados, nunca viram um homem e uma mulher
fazendo sexo fossem colocados num luxuoso quarto de motel, com a melhor
champanhe, música romântica e tudo o mais... O que aconteceria? Rolaria? Não
aconteceria nada. Não rolaria nada. Porque não saberiam o que fazer, como
fazer. Uma frase comum na nossa sociedade – e carregada de preconceito moral –
é que “</span><span style="font-size: 18px;">sem-vergonhice</span><span style="font-size: 13.5pt;"> a gente nasce sabendo”. Primeiro essa </span><span style="font-size: 18px;">sem-vergonhice</span><span style="font-size: 13.5pt;"> não
é </span><span style="font-size: 18px;">sem-vergonhice</span><span style="font-size: 13.5pt;"> – é vida. Segundo, a gente não nasce sabendo essas coisas, a
gente aprende. Pelos filmes, novelas, pelos romances, pelas ruas, na família,
isto é, na vida mesmo. É claro que os filmes pornôs mais deseducam do que
educam, porque ninguém é daquele jeito, é claro que os romances e novelas
ensinam uma noção açucarada da felicidade a dois, é claro que as famílias...,
bem não vamos discutir isso aqui. E é claro que uma situação como propus lá em
cima é impossível de acontecer, porque duas pessoas assim isoladas do mundo não
seriam pessoas. Mas essa experiência foi feita com macacos Rhesus, os mais
próximos dos humanos. Macacos e macacas foram criados sem convívio social e
sexual que lhes possibilitasse ver o que e como fazer. E quando foram colocados
juntos o que aconteceu? Nada. Ou melhor, aconteceu que eles ficaram excitados,
mas não sabiam o que fazer. Ficavam correndo, se tocando, a fêmea tentava
montar o macho, o macho ficava mais agressivo e, por fim, se não fossem
separados, se matavam. Bem, vamos partir daí.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-size: 13.5pt;">A gente aprende a fazer sexo e aprende a amar. No caso do sexo,
vendo e fazendo. No caso do amor, é um pouco diferente. A gente vai ter uma
relação com o amor diretamente ligada ao tipo de amor que recebeu, ou não
recebeu, ao tipo de amor que aprendeu, ou não. Fechemos o foco no amor, porque
sexo tem por aí em todo lugar, dos out-doors aos motéis, embora a questão
pareça ser mais de quantidade do que de qualidade. Fechemos o foco no amor,
porque esse está em baixa enquanto vivência, concretização, embora se tenha uma
necessidade essencialmente humana dele.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O amor é a maior e mais bela experiência que podemos experimentar
na vida. Falo do amor em toda a sua extensão, amor homem-mulher, homem-homem,
mulher-mulher, amor de pai-mãe por filho, pelo próximo... Mas fechemos o foco
no amor entre homem e mulher. E ele é, repito, um aprendizado. Buscaglia,
pedagogo norte-americano, ensina no livro ‘Amor’, “que a maioria de nós
continua a agir como se o amor não fosse um fenômeno a ser aprendido e sim como
se vivesse adormecido em cada ser humano, simplesmente esperando (...) para
emergir em toda a sua intensidade. Muitos esperam (...) para sempre.
Recusamo-nos a encarar o fato óbvio de que as pessoas, em sua maior parte,
passam a vida tentando encontrar o amor, tentando vivê-lo, e morrendo sem nunca
tê-lo descoberto verdadeiramente”. Triste isso, né?<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O psicanalista Erich Fromm, no livro ‘A arte de amar’, frisa que a
postura de que “nada é mais fácil do que amar tem continuado a ser a ideia
predominante, apesar da esmagadora prova em contrário.” E vai enfatizar que o
amor é uma arte. “Se quisermos aprender como se ama, devemos proceder do mesmo
modo que agiríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte, seja a música,
a pintura (...)”. Como se vê, a coisa é complicada, por isso esse fracasso
tremendo nos nossos amores. Sem falar que queremos mais ser amados do que amar.
<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-size: 13.5pt;">E nessa nossa sociedade mercantilista, acabamos por não viver só
no sistema, mas vivemos o sistema. Quer dizer, nossas relações são perpassadas
pelo capitalismo. Se a sociedade é de consumo, nos consumimos uns aos outros,
utilitariamente. No mundo do fast-food, no plano sexual inventamos o fast-foda,
o sexo casual, tipo lavou tá novo. No amor, acabamos adotando a mesma postura,
o fast-love. Ou seja, não investimos no amor; ou seja, não nos predispomos a
aprender a amar, a construir uma relação, porque isso demora tempo e demanda
investimento emocional e riscos e perdas e danos.<span class="apple-converted-space"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Vejamos o caso de Fernanda. Ela, livre e desimpedida, conheceu
Lúcio, que recém tinha se separado. Se encantaram. No apartamento dele ao lado
da cama onde fizeram amor, ainda tinha um porta-retratos dele com a ex e o
filho. Querendo mostrar maturidade, ela disse que achava aquilo normal, porque
era o filho dele e a mãe do filho dele. Superfície. No fundo, aquilo a
incomodara. Com os dias, vendo que apesar de encantado com ela, ele ainda
nutria sentimentos pela ex-mulher, levou um papo-cabeça com o cara. Disse que
era melhor ficarem por ali, ele tentar se reconciliar, que o casamento dele
tinha poucos anos e blá, blá, blá. Ela me contou que chegou em casa e chorou
todas as lágrimas, mas que se sentiu decente. Mas ela não foi decente . Ela foi
covarde. Porque ela não fez isso por ele, fez por ela. E fez por medo do
investimento emocional, por medo das perdas e danos a que se sujeitaria. O
aprendizado do amor exige compromisso, empenho, boa vontade, e riscos. Ou seja,
Fernanda queria que Lúcio investisse no amor, o que ela não fez. Queria que ele
lutasse, o que ela não fez. Assim, era melhor partir pra outra, outro cara, um
prato mais simples, menor, mais digerível, sem risco de azia, apesar da fome.
Era melhor partir pra outra, outro cara, no grande buffet das nossas relações.
Assim Lúcia perdeu Fernando, um cara que pra ela tinha tudo e todas as
qualidades por quem valeria a pena lutar. Mas não quis lutar. E perdeu. Não
quis tentar aprender a amar e tentar construir uma relação verdadeira, esse
“momento de unidade”, como diz Fromm, e que “é uma das mais jubilosas e
excitantes experiências da vida”. Coisa da nossa cultura fast-foda, fast-love,
fast-tudo. Coisa desse tempo onde a gente perde e se perde, pensando que se
acha; que perde, sem nem lutar. WO. Fast-vida.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-29786464527098642402016-08-02T12:04:00.000-03:002016-08-02T12:06:47.540-03:00QUARTO 157, A VIDA QUE FOGE, COMO A NOSSA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibT68iqKHdPqtqtTYUjRzfiDg-w9VBspd4nOAj__wkNAxCWN2JsMk_xofAtjjERgRf3wV5WsjT5zLg2XSR1hp4qMEAt0Sh6UG_-_izgCsqFaKvy9hppOR6vPWCNRxaPhONapBScJgsze4/s1600/quarto+157.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibT68iqKHdPqtqtTYUjRzfiDg-w9VBspd4nOAj__wkNAxCWN2JsMk_xofAtjjERgRf3wV5WsjT5zLg2XSR1hp4qMEAt0Sh6UG_-_izgCsqFaKvy9hppOR6vPWCNRxaPhONapBScJgsze4/s320/quarto+157.jpg" width="179" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">na primeira cama Carlos, 48
anos, uiva pela mãe</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">e grita, sem parar:</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"> 'eu quero cagar!!'</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">comove a dignidade humana:</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">amarrado, de fraldas, não
quer fazer na cama</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">pura chaga, devorado pela
hemodiáilse</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">e pela diabetes</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">ele repete</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">como um conta gotas</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"> seus uivos de dor arrepiantes;</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">na segunda cama</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"> Francisco, 74 anos, três avecês, se abana</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"> e me olha com olho de quem não vê</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">não fala, não existe mais...</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">na terceira, um anjo de 92
anos, 38 quilos,</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">enche os pulmões de ar</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">pelas últimas vezes,
teimando.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">em cada um vejo um Cristo</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">uma cruz cruzando</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">a realidade de um quarto do
SUS<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">a luta e a busca pela vida</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">é a realidade da vida lá fora</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">agonizantes, zonzos, corremos
atrás do que nos mandaram correr, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">também queremos
vida (mas qual?), agora</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">que cada dia, sem aviso, vai indo embora<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">que a cada dia, sem aviso,
vamos botando fora<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">correndo pra longe de nós...</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;">a dignidade de Carlos bate na minha cara.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10.0pt;">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-3265938769122174072016-07-13T18:10:00.001-03:002016-07-13T18:17:02.437-03:00A MULHER AMADA NUA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiKpk0GdIBgrCWeCkr5Bv1c8gjeQ0LIOr5KK2VYWwSbZDn-3qF564m2B0D2p3kMk_r5h0NCRVGP-lUJhy6c6M5LZzSHTlA2hIH9Wsao4X04W4WJ0xd1VzJDc-0aVFw9pfQqubwntKUgII/s1600/MULHER+DORMINDP.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiKpk0GdIBgrCWeCkr5Bv1c8gjeQ0LIOr5KK2VYWwSbZDn-3qF564m2B0D2p3kMk_r5h0NCRVGP-lUJhy6c6M5LZzSHTlA2hIH9Wsao4X04W4WJ0xd1VzJDc-0aVFw9pfQqubwntKUgII/s320/MULHER+DORMINDP.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><i>Quem troca de corpos com frequência, só tem troca de corpos. Não que isso seja ruim, mas é incomparável à troca de corpos com almas. Aliás não é troca, é toque. Dormir com a mulher amada, fazer amor com a mulher amada e acordar ao lado da mulher amada é tocar sua alma, mesmo que quando vc depois a olha, nua, atirada entre os travesseiros, não sabe por onde ela anda.</i></span><br />
<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Olhar a mulher amada dormindo, nua, mergulhada nos travesseiros é um momento/sentimento único. Olhar aquele corpo, ali estirado, mergulhado no seu mundo, provoca uma multidão de pensamentos. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Aquele corpo é o corpo da alma que eu amo, e onde andará ela nesse instante? Sonha com o quê? Por onde vagará?, nadando em mares verdes, andando por matagais perigosos, pratos saborosos, outros braços? Ah, se desse para entrar nos seus sonhos agora e descobrir isso q</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">ue nem ela desvenda, sua alma misteriosa...<br />Aquele corpo é o corpo que eu amo. Que em noites de tempestade, sacode a terra com seus frêmitos, gemidos e gozos. Que em noites de calmaria, se aconchega ao meu corpo e deixa seu perfume invadir meus pulmões, seu calor aquecer meus pelos, e sua respiração ao meu ouvido exaltar o estar vivo ao lado dela, duas vidas unidas em corpo e alma.<br />Quando olho sua pele branca, onde veias parecem rios que correm cheios de seiva para o seu coração que pulsa ao som do mistério da vida e do nosso encontro tão desencontrado, tudo tão lindo, tão louco, tão calmo, tão tudo...<br />Quando vejo seus cabelos ‘assanhados’ pelo sono e pelos meus dedos, que não se cansam de correr entre eles, fios de ouro; de tocá-los, harpa silenciosa, percebo o quanto é belo vê-la tão ‘desproduzida’, tão minha, tão nós.<br />Isso é olhar para a mulher amada dormindo. Muito diferente de olhar aquela estranha que passou a noite com você e que ao acordar, assim meio sem jeito e sem assunto, os dois forçam uma intimidade baseada na noite que tiveram, mas que por mais prazerosa que tenha sido, foi isso apenas, a noite prazerosa que tiveram. E pode nunca mais se repetir.<br />Não há comparação ao se acordar ao lado da mulher amada, e contemplá-la com sua beleza, até com o que para ela é não beleza, uma estria aqui uma celulite aIi... porque a mulher amada está acima disso, até porque aqueles ‘defeitinhos’ são a história do seu corpo, as marcas do seu tempo. São ‘indefeitos’.<br />Quem troca de corpos com frequência, só tem troca de corpos. Não que isso seja ruim, mas é incomparável à troca de corpos com almas. Aliás não é troca, é toque. Dormir com a mulher amada, fazer amor com a mulher amada e acordar ao lado da mulher amada é tocar sua alma, mesmo que quando vc depois a olha, nua, atirada entre os travesseiros, não sabe por onde ela anda. Mas vc sabe que está na alma dela, de alguma forma, e sabe que no corpo dela estão as marcas do seu, e vice versa. E o vice versa é isso, é amor, é corpo e alma.</span><div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-86286093038334437712016-07-08T16:23:00.001-03:002016-07-08T19:44:16.879-03:00O "DISBULHADOR" DE TRISTEZA<br />
Da série "Andarolhando a cidade"<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8zg4ZUfJ2awpwWt78ccQtVqmEIl5OazW5fkykhvoDGXcQfLk_vvJpb-dwA0Onk98HPkkHG8KI17ZT5j08S16hcB2J1LJirDKrHz0ar8qUKEqlR8E-G77xbD0t8ir6nkKLtYreHohb_AE/s1600/WP_20160708_10_08_02_Pro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="356" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8zg4ZUfJ2awpwWt78ccQtVqmEIl5OazW5fkykhvoDGXcQfLk_vvJpb-dwA0Onk98HPkkHG8KI17ZT5j08S16hcB2J1LJirDKrHz0ar8qUKEqlR8E-G77xbD0t8ir6nkKLtYreHohb_AE/s640/WP_20160708_10_08_02_Pro.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Rua Pedro Pereira, Fortaleza, 11h30. Seu Luiz “disbulha”, como diz, o feijão verde, um prato típico cearense. Com uma habilidade que me encantou, parei a olhar e, querendo ser gentil disse: “Bah, como o senhor é rápido nisso”. Sem levantar os olhos para mim, ele falou: “Tem valor nenhum isso, qualquer um faz”. Respondi: “Assim, como o senhor faz ainda não tinha visto.” Efeito zero. “Pois me dê um quilo”, pedi. Aí ele me olho</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">u com seu olhar triste e agradeceu. Sorri para ele, agradeci, e saí pelo centro de Fortaleza com um quilo de feijão verde, sem saber o que fazer com aquilo. Pensei, ah, se cada vagem debulhada debulhasse uma tristezinha também... Ah, se ele soubesse que faz parte do encanto dessa cidade, essa gente humilde que vende tudo que nem se imagina. Essa gente que nem imagina o encanto que produz. Essa gente que é a alma dessa cidade. Seu olhar não seria tão triste. Mas somos assim, a beleza está em quem vê. A beleza de “disbulhar” o milho verde. Me fez bem nessa manhã. Mesmo no seu olhar triste e desconsolo eu vi beleza. A beleza do humano, por vezes demasiado humano, com suas dores e suas flores. Como disse Caetano: “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. E lá me fui pelo centro, com um quilo de feijão triste nas mãos. Ou melhor, um quilo de feijão verde servido por mãos tristes. Pra mim tudo era belo.</span><div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-903580567060300399.post-26484522420322634832016-07-08T15:36:00.002-03:002016-07-08T16:02:46.714-03:00A BORBOLETA E O DINHEIRO<br />
Da série Andarolhando a cidade"<br />
<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Oliveira Paiva, Fortaleza, 9h30</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br />As pessoas passam fechadas<br />nos seus carros<br />Caras sérias, amarradas<br />Correndo atrás do dinheiro<br />Aspereza<br />Da vida<br />Do lado de fora na calçada<br />Uma borboleta beija uma flor<br />Ninguém vê a beleza<br />Natureza viva ali do lado<br />A conta é o que conta<br />O sinal abriu, é o que importa<br />Acelerar... pra onde?<br />Viramos natureza morta</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU-osV22vIHNeZYJfd5Jf0QpWwWgC1fM1F3uedBlqkn2QxfooLvRgz5OstgVq1SgVClXmScHGjfG8GXAGrmlnDwsrzLGVsn8HSCnkU9n2-sQ9jQjIAV4BHQBjhkKskMXPObaIw6P-jZHc/s1600/WP_20160708_08_53_19_Pro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU-osV22vIHNeZYJfd5Jf0QpWwWgC1fM1F3uedBlqkn2QxfooLvRgz5OstgVq1SgVClXmScHGjfG8GXAGrmlnDwsrzLGVsn8HSCnkU9n2-sQ9jQjIAV4BHQBjhkKskMXPObaIw6P-jZHc/s320/WP_20160708_08_53_19_Pro.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="blogger-post-footer">Assine meu blog aqui</div>luiz gonzaga capaverdehttp://www.blogger.com/profile/03941242832311723084noreply@blogger.com0