"E as histórias q começaram e acabaram no não-vivido mais? Das amizades ao amor. Aquela amizade que parecia ser pra sempre, de tanta afinidade e cumplicidade, e a gente foi deixando esfriar, até ir parar no limbo, jogado num cantinho dos contatos das redes sociais? Eventualmente vira uma ‘curtida’, e só...
E aquela relação tão forte, aquele amor, aquela admiração, atração intensa pelo outro, parceria, a divisão das dificuldades e a multiplicação das conquistas e alegrias, que por detalhe, acabou?..."
Artur da Távola deixou textos
memoráveis sobre o amor, e num deles ele fala justamente do não-vivido. Aquele
cara bacana q sentou do seu lado no metrô, q rolou um papo super bom, de muita
afinidade em tão curto tempo, que lhe deu cartão, q pegou seu telefone... e
nunca mais se falaram. Porque você não quis ligar primeiro, porque ele também
não quis, ou porque tinha alguém, porque você perdeu o cartão dele, ou...ou...
Quantas histórias não foram vividas,
ou, melhor, foram não-vividas por detalhes? Ou se você preferir, por coisa do
acaso, do destino. Você já pensou quantas coisas, estou falando aqui de coisas
boas, q não lhe aconteceram por um pequeno porém? Gente que você não conheceu,
emprego que não aconteceu... porque o e-mail não chegou, o voo foi perdido, não
saiu aquela noite porque estava com dor de cabeça, não foi à entrevista de
emprego porque...
E as histórias q começaram e acabaram
no não-vivido mais? Das amizades ao amor. Aquela amizade que parecia ser pra
sempre, de tanta afinidade e cumplicidade, e a gente foi deixando esfriar, até ir
parar no limbo, jogado num cantinho dos contatos das redes sociais? Eventualmente
vira uma ‘curtida’, e só. Já virou uma amizade não-vivida mais. A falta de tempo, novos amigos, ou novos
conhecidos, a mudança de bairro, uma discussãozinha no bar – e que depois não
tiramos a limpo. Limbo.
E aquela relação tão forte, aquele
amor, aquela admiração, atração intensa pelo outro, parceria, a divisão das
dificuldades e a multiplicação das conquistas e alegrias, que por detalhe,
acabou? Detalhe aqui pode ser birra, mágoa, orgulho ferido, palavras pontiagudas,
atos frutos da banda podre, que todos carregamos; sentimentos ruins, enfim, o
lado lunar que todos temos. Porque diante do amor, tudo fica pequeno. Claro que
cada caso é um caso, mas na maioria dos rompimentos, falo quando existe amor,
qualquer motivo vira detalhe diante da grandeza do amor latente, e que acaba desrespeitado,
logo ele, tão sagrado e a grande
diferença que temos dos macacos, cavalos, cães... Preferimos molhar o
travesseiro à pegar o telefone e ligar, procurar, aliás a primeira coisa q a
gente faz é bloquear o outro no e-mail, Facebook, whatsApp... só não bloqueia
no coração, porque no coração não tem o botãozinho do excluir, do bloquear. E
aí pra sempre restará o não-vivido mais ....
Aquela criatura que era o seu sonho de ter
filhos, viajar o mundo, construir uma vida juntos, morrer velhinhos, vira uma
outra pessoa, quando não, o diabo. E o amor mais não-vivido, passa a ser vivido
do rancor, do desamor.
A ideia q me assalta é q vivemos
muito mais o não-vivido e o mais não-vivido. Seja por acaso, pelo cartão
perdido, pelo telefonema não dado, pelo orgulho, pelo número bloqueado, pelo
tempo, que mais que a distância, afasta as pessoas. Por detalhe, pela ausência
do ‘desculpe a nossa falha’, as amizades se perdem, e os amores se morrem. No
não-vivido e no mais não-vivido pra sempre. E assim vivemos. Ou não.
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