terça-feira, 16 de agosto de 2016

O NÃO-VIVIDO DE NOSSAS VIDAS


"E as histórias q começaram e acabaram no não-vivido mais? Das amizades ao amor. Aquela amizade que parecia ser pra sempre, de tanta afinidade e cumplicidade, e a gente foi deixando esfriar, até ir parar no limbo, jogado num cantinho dos contatos das redes sociais? Eventualmente vira uma ‘curtida’, e só...
E aquela relação tão forte, aquele amor, aquela admiração, atração intensa pelo outro, parceria, a divisão das dificuldades e a multiplicação das conquistas e alegrias, que por detalhe, acabou?..."


Artur da Távola deixou textos memoráveis sobre o amor, e num deles ele fala justamente do não-vivido. Aquele cara bacana q sentou do seu lado no metrô, q rolou um papo super bom, de muita afinidade em tão curto tempo, que lhe deu cartão, q pegou seu telefone... e nunca mais se falaram. Porque você não quis ligar primeiro, porque ele também não quis, ou porque tinha alguém, porque você perdeu o cartão dele, ou...ou...
Quantas histórias não foram vividas, ou, melhor, foram não-vividas por detalhes? Ou se você preferir, por coisa do acaso, do destino. Você já pensou quantas coisas, estou falando aqui de coisas boas, q não lhe aconteceram por um pequeno porém? Gente que você não conheceu, emprego que não aconteceu... porque o e-mail não chegou, o voo foi perdido, não saiu aquela noite porque estava com dor de cabeça, não foi à entrevista de emprego porque...
E as histórias q começaram e acabaram no não-vivido mais? Das amizades ao amor. Aquela amizade que parecia ser pra sempre, de tanta afinidade e cumplicidade, e a gente foi deixando esfriar, até ir parar no limbo, jogado num cantinho dos contatos das redes sociais? Eventualmente vira uma ‘curtida’, e só. Já virou uma amizade não-vivida mais.  A falta de tempo, novos amigos, ou novos conhecidos, a mudança de bairro, uma discussãozinha no bar – e que depois não tiramos a limpo. Limbo.
E aquela relação tão forte, aquele amor, aquela admiração, atração intensa pelo outro, parceria, a divisão das dificuldades e a multiplicação das conquistas e alegrias, que por detalhe, acabou? Detalhe aqui pode ser birra, mágoa, orgulho ferido, palavras pontiagudas, atos frutos da banda podre, que todos carregamos; sentimentos ruins, enfim, o lado lunar que todos temos. Porque diante do amor, tudo fica pequeno. Claro que cada caso é um caso, mas na maioria dos rompimentos, falo quando existe amor, qualquer motivo vira detalhe diante da grandeza do amor latente, e que acaba desrespeitado, logo  ele, tão sagrado e a grande diferença que temos dos macacos, cavalos, cães... Preferimos molhar o travesseiro à pegar o telefone e ligar, procurar, aliás a primeira coisa q a gente faz é bloquear o outro no e-mail, Facebook, whatsApp... só não bloqueia no coração, porque no coração não tem o botãozinho do excluir, do bloquear. E aí pra sempre restará o não-vivido mais ....
 Aquela criatura que era o seu sonho de ter filhos, viajar o mundo, construir uma vida juntos, morrer velhinhos, vira uma outra pessoa, quando não, o diabo. E o amor mais não-vivido, passa a ser vivido do rancor, do desamor.
A ideia q me assalta é q vivemos muito mais o não-vivido e o mais não-vivido. Seja por acaso, pelo cartão perdido, pelo telefonema não dado, pelo orgulho, pelo número bloqueado, pelo tempo, que mais que a distância, afasta as pessoas. Por detalhe, pela ausência do ‘desculpe a nossa falha’, as amizades se perdem, e os amores se morrem. No não-vivido e no mais não-vivido pra sempre. E assim vivemos. Ou não.


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