quarta-feira, 30 de março de 2016

QUERO UMA MULHER


Quero uma mulher que adore surpresas tolas, como escrever ‘eu te amo’ com papel picado no console do carro, enquanto espero ela descer; que curta bilhetinhos escondidos nas suas calcinhas, no bombom, na escova de dentes, e até no rolo de papel higiênico com mensagens nada decentes; e quando eu arrancar flores da rua e ir colocando no chão que ela vai pisar, ou convidá-la para sentar na praia, tarde da noite, só pra ouvir a música do mar, nunca me diga “você as vezes me assusta”


Quero uma mulher que quando eu disser que não gosto e não entendo de carros, e nem trocar pneu eu sei, não fique chocada, mas que me diga: “que bom, temos uma afinidade, já”. Que quando eu disser que amo poesia e Fernando Pessoa, não comece a me olhar desconfiada, mas que, se não for pra dizer “eu também”, diga pelo menos “também gosto de poesia, mas não conheço Fernando Pessoa, me apresenta?” Vai doer um pouco alguém gostar de poesia e não conhecer Pessoa, mas talvez valha o investimento, porque como ele disse “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. E se gosta de poesia, tem alma viva ali dentro.
Quero uma mulher que quando eu me emocionar e chorar falando de algo como a beleza de encontrá-la, não me tire por bobo apaixonado, porque seria o óbvio, e o óbvio me incomoda; e que quando eu tiver uma crise de choro que a assuste diante de uma ameaça de rompimento, não me julgue fraco, nem frágil, mas apenas sensível, bobo apaixonado. Que quando eu deitar do seu lado e não estiver a fim, ela não pense que não sou macho o bastante, “porque todos os homens querem sempre transar”, mas entenda que o desejo, o do homem também, e o meu no particular, sofre nuances de humor e intensidade; e que quando eu quiser transar na hora mais inoportuna, entenda que pra mim aquela é a hora mais oportuna.
Quero uma mulher que curta comigo eu cuidar o calendário, para comemorar nosso dia de aniversário; q comemore comigo se eu lhe mandar flores comemorando dez meses, duas semanas, três dias e dez horas da primeira troca de olhares. E que se eu lhe mandar três buquês de uma vez, não me chame de exagerado, louco, mas até ache pouco, diante de tanto amor.
Quero uma mulher que adore surpresas tolas, como escrever ‘eu te amo’ com papel picado no console do carro, enquanto espero ela descer; que curta bilhetinhos escondidos nas suas calcinhas, no bombom, na escova de dentes, e até no rolo de papel higiênico com mensagens nada decentes; e quando eu arrancar flores da rua e ir colocando no chão que ela vai pisar, ou convidá-la para sentar na praia, tarde da noite, só pra ouvir a música do mar, nunca me diga “você as vezes me assusta”. Porque me assustam as que se assustam.
Quero uma mulher que desfrute do meu corpo sem pudor, posto que o entrego sempre em holocausto, e que me deixe dispor do seu como se fosse extensão do meu.
Quero uma mulher que durante o sexo não se choque com os meus palavrões misturados com os “eu te amo” e que no silêncio do depois, entenda que eu também curto aquele momento de quietude, um quase vazio, e também gosto de carinho, dengo e palavrinhas bobas-boas. E nunca pergunte “foi bom?”
Quero uma mulher que adore dançar e que carregue uma frustração infinita porque entre eu e um pau fincado no sertão, este aí dança mais que eu. Meu lado sádico. Mas adoro que dance pra mim, se exiba pra mim. Meu lado masoquista.
Quero uma mulher que quando eu me fechar em mim, entenda que preciso visitar meu mundo para poder respirar aqui fora e que não estou fugindo, muito menos amando menos.

Quero uma mulher que mesmo me achando de outro mundo, faça a loucura de viajar comigo pro meu planeta. Opa! Peraí. Nave mãe chamando! 

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