Quero uma mulher que adore surpresas tolas, como escrever ‘eu te amo’ com papel picado no console do carro, enquanto espero ela descer; que curta bilhetinhos escondidos nas suas calcinhas, no bombom, na escova de dentes, e até no rolo de papel higiênico com mensagens nada decentes; e quando eu arrancar flores da rua e ir colocando no chão que ela vai pisar, ou convidá-la para sentar na praia, tarde da noite, só pra ouvir a música do mar, nunca me diga “você as vezes me assusta”
Quero
uma mulher que quando eu disser que não gosto e não entendo de
carros, e nem trocar pneu eu sei, não fique chocada, mas que me
diga: “que bom, temos uma afinidade, já”. Que quando eu disser
que amo poesia e Fernando Pessoa, não comece a me olhar desconfiada,
mas que, se não for pra dizer “eu também”, diga pelo menos
“também gosto de poesia, mas não conheço Fernando Pessoa, me
apresenta?” Vai doer um pouco alguém gostar de poesia e não
conhecer Pessoa, mas talvez valha o investimento, porque como ele
disse “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. E se gosta de
poesia, tem alma viva ali dentro.
Quero
uma mulher que quando eu me emocionar e chorar falando de algo como a
beleza de encontrá-la, não me tire por bobo apaixonado, porque
seria o óbvio, e o óbvio me incomoda; e que quando eu tiver uma
crise de choro que a assuste diante de uma ameaça de rompimento, não
me julgue fraco, nem frágil, mas apenas sensível, bobo apaixonado.
Que quando eu deitar do seu lado e não estiver a fim, ela não pense
que não sou macho o bastante, “porque todos os homens querem
sempre transar”, mas entenda que o desejo, o do homem também, e o
meu no particular, sofre nuances de humor e intensidade; e que quando
eu quiser transar na hora mais inoportuna, entenda que pra mim aquela
é a hora mais oportuna.
Quero
uma mulher que curta comigo eu cuidar o calendário, para comemorar
nosso dia de aniversário; q comemore comigo se eu lhe mandar flores
comemorando dez meses, duas semanas, três dias e dez horas da
primeira troca de olhares. E que se eu lhe mandar três buquês de
uma vez, não me chame de exagerado, louco, mas até ache pouco,
diante de tanto amor.
Quero
uma mulher que adore surpresas tolas, como escrever ‘eu te amo’
com papel picado no console do carro, enquanto espero ela descer; que
curta bilhetinhos escondidos nas suas calcinhas, no bombom, na escova
de dentes, e até no rolo de papel higiênico com mensagens nada
decentes; e quando eu arrancar flores da rua e ir colocando no chão
que ela vai pisar, ou convidá-la para sentar na praia, tarde da
noite, só pra ouvir a música do mar, nunca me diga “você as
vezes me assusta”. Porque me assustam as que se assustam.
Quero
uma mulher que desfrute do meu corpo sem pudor, posto que o entrego
sempre em holocausto, e que me deixe dispor do seu como se fosse
extensão do meu.
Quero
uma mulher que durante o sexo não se choque com os meus palavrões
misturados com os “eu te amo” e que no silêncio do depois,
entenda que eu também curto aquele momento de quietude, um quase
vazio, e também gosto de carinho, dengo e palavrinhas bobas-boas. E
nunca pergunte “foi bom?”
Quero
uma mulher que adore dançar e que carregue uma frustração infinita
porque entre eu e um pau fincado no sertão, este aí dança mais que
eu. Meu lado sádico. Mas adoro que dance pra mim, se exiba pra mim.
Meu lado masoquista.
Quero
uma mulher que quando eu me fechar em mim, entenda que preciso
visitar meu mundo para poder respirar aqui fora e que não estou
fugindo, muito menos amando menos.
Quero
uma mulher que mesmo me achando de outro mundo, faça a loucura de
viajar comigo pro meu planeta. Opa! Peraí. Nave mãe chamando!
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