Os
dois chegaram altos da balada, já madrugada. Ela senta na cama e com
cara de moleca diz: “tira a roupa e vem cá!” Atendendo a seus
instintos e à formação de que deve estar sempre pronto a mostrar
serviço, ele se posta diante dela, baixa as calças e... nega fogo.
Ela fica frustrada. E ele como fica? Melhor nem falar. Os homens me
entendem. As mulheres acham que entendem. Ela, além da frustração
e do constrangimento (dizer o quê?), sofre também um sentimento de
que não é desejada. Pelo menos naquela hora em que ela desejava
tanto. A resposta para o ocorrido é simples. Homem morre de medo de
mulher. Mulher assim ousada, então, apavora o macho.
As mulheres nem
imaginam o quanto os homens as temem. Se pesquisassem um pouco sobre
esse pobre ser, saberiam o quanto ele se sente inseguro e
literalmente morre de medo delas. E falo isso ao longo dos séculos.
Nem precisa complicar vasculhando a psicanálise. É só ir na
História. Antes, existia, em várias culturas, o mito da vagina
dentada, que dispensa explicações (aliás, a própria palavra
‘vagina’ já é assustadora). Sem falar na Deusa-Mãe. Maiores
informações basta ir ao Google. Hoje o homem se sente diminuído e
medroso por vários motivos. Dois deles: a capacidade orgástica da
mulher, incomparável à dele e comprovada por ele; e a performance
da mulherada na cama, igualmente aferida. Falo das mulheres em geral,
mas particularmente da mulher que na cama se mostre muito solta,
tesuda, tomando a iniciativa. Essa é um terror.
Lembro
agora de um amigo que teve seu casamento ameaçado bem por esse
motivo da pegada feminina. A mulher tomava a iniciativa sempre e não
dava oportunidade a ele de ser agressivo, pegador, homem, enfim, como
lhe ensinaram que deveria ser. Não sei como resolveram, se
resolveram, mas estão juntos até hoje.
Uma
outra amiga, conta que quando foi a um velho e conhecido motel que
freqüentava com o ex, se fez de sonsa, como se não entendesse de
motel, principalmente daquele. Sentou na cama e olhando aquele
console cheio de luzes e botões se fez de maravilhada. Apertava um
botão e exclamava: “oh, ascende a luz de cima!” Apertava outro
e se extasiava: “olha só, esse é da televisão!” Não demorou e
o namorado novinho em folha aterrissou do lado dela e cheio de
orgulho e autoridade explicou cada botão, cada luzinha. Tiveram uma
noite ótima. E nunca tiveram problemas até onde sei.
Outra amiga se
botou nas lingeries,
preparou uma banheira cheia de sais e espumas, com champanhe, taças
e muito clima, para que quando o marido chegasse fizessem uma happy
hour realmente
happy.
Aparentemente muito feliz com a surpresa, ele se refestelou na espuma
e enquanto ela buscava uma toalha, ele... dormiu. Psicóloga ela, não
tinha dúvidas, me dizia depois, de que o sono foi a fuga que ele
encontrou para não enfrentar aquela sessão erótica. Eles tinham
esse problema. Ele se sentia seguro no feijão com arroz. Ela gostava
de novidades, ousadias, curtia preparar o ambiente e desbravar novos.
Estou me sentindo um traidor da raça masculina. Mas a verdade é que
não está longe o dia em que o homem vai começar a dizer “hoje,
não, amor, tô com uma puta dor de cabeça”, ou “hoje tô
estressado, meu bem, me incomodei demais no trabalho”.
Logo logo os
machos do planeta vão criar o Dia Internacional do Homem, pra
defender seus direitos, incluindo o de não estar a fim. E olha que
nem falei da paranoia do homem com o tamanho do pinto, agora sujeito
à comparações. Isso me lembra um trecho do filme Vinícius,
de
Miguel Faria Jr, onde Chico Buarque pergunta ao poetinha se ele
acreditava em reencarnação e, acreditando, como queria voltar a
esse mundo. Vinícius disse que “queria voltar ele mesmo, só com o
pinto um pouquinho maior”. E daí linco com uma crônica de Walter
Navarro, onde falando do filme e a propósito da frase de Vinicius
de Mores, diz que “se não der pra voltar como Vinícius, eu
gostaria de voltar como eu mesmo, Walter Navarro, mas com o pinto um
pouquinho menor. E menos mentiroso também”. Com essa, só posso
pedir: Senhor, tende piedade de nós, homens.
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