sexta-feira, 8 de abril de 2016

QUANTAS VEZES OS OUTROS MUDARAM SEU DESTINO?



Mexendo no seu celular, com o qual não tem uma relação de muita intimidade, Marcelo descobriu ontem que tinha um número bloqueado há quatro meses. E era o número da pessoa mais importante da sua vida naquele passado tão perto. O q importa aqui é q bloquearam e ele não viu mensagens e não recebeu chamadas daquele número. Ele ficou entre estupefato e irado. Saiu chutando lata. Sobrou apenas uma q ele recuperou, ofensiva, dizendo-lhe coisas q lhe feriram ainda mais. A questão é: como alguém, um terceiro, interfere na vida de um outro alguém e muda o seu destino? Para sempre. E como fazemos isso!
Episódio dois. Fernanda namorava fazia anos, apaixonada. Um dia uma grande amiga lhe conta que vira o amor dela com outra num restaurante. Detalhes à parte, rompeu-se a relação. E o mundo ruiu. Crise, choradeira, depressão, buraco negro. A questão é: essa amiga deveria ter contado? Você contaria? Mas contando, mudou o destino daquela criatura. Para sempre.
Terceiro episódio. Marcos, também apaixonado, liga para a namorada. A ligação passa por uma telefonista q lhe coloca numa conversa do seu amor com outro homem, e este a convida para um jantar no seu apartamento e diz q a champanhe já estava lá esperando. Marcos não ouviu mais nada, saiu caminhando no rumo do nada. Como aconteceu com Fernanda, seu mundo caiu. A telefonista mudou o destino de Marcos. Para sempre.
A questão é: nós temos o direito de mexer na vida dos outros assim? E os outros na nossa? Seja lá porque motivos foram, as histórias q estão por trás, aqui não vem ao caso, mudou-se o destino de três pessoas. Creio q cada uma das q interferiram na vida de Marcelo, Fernanda e Marcos, e mudaram seus destinos, no fundo agiram assim porque queriam, justamente, interferir nos seus destinos. Mas tinham esse direito? Elas sabiam a intensidade dos sentimentos envolvidos? É complicado não julgar, e julgando, não condenar.
Todas as relações amorosas passam por motivos de conflito, tensão, dúvida. Você já passou ou, quem sabe, até mesmo passa por algo assim nesse momento. E como se diz: ninguém é uma ilha. Vai lá desabafar, se aconselhar com amigos e amigas. Mesmo sendo diferente dos três casos narrados acima, a gente escuta os outros. E os outros, mesmo com as melhores intenções, falam e interferem também no seu destino. Dizem coisas que lhe ajudam e dizem coisas que lhe perturbam, e até causam o fim da sua relação. Como dizia Sarte: o inferno são os outros. O mundo está sempre no meio das suas relações, todas elas, familiares, profissionais, amorosas. Diante dessa colocação q não somos ilhas, a ideia q me ocorre é q deveríamos agir mais como um istmo (lembra das aulas de geografia?), aquele pedaço de terra q entra mar adentro, mas está sempre ligado com o continente. O continente é a sua alma, o seu interior. Vá lá, ouça os outros, mas volte sempre para dentro de você. Só você sabe o tanto do seu sentimento, do seu sonho, do seu desejo, dos seus erros, ou da sua dor. Pra encerrar, uma história q gosto muito. Dois monges contemplavam os peixinhos num córrego, quando um deles diz: “como os peixes são felizes!”. E o outro respondeu: “Como você sabe, você não é um peixe?”. Ao que o primeiro rebateu: Como você sabe q eu não sei?, você não é eu!”
Seja mais você, sempre. Escute o mundo, ilha q é, mas ouça mais o seu interior, o seu continente, seja mais istmo. A sua vida é só sua. E é istmo mesmo!!


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