Mexendo no seu celular, com o
qual não tem uma relação de muita intimidade, Marcelo descobriu
ontem que tinha um número bloqueado há quatro meses. E era o número
da pessoa mais importante da sua vida naquele passado tão perto. O
q importa aqui é q bloquearam e ele não viu mensagens e não
recebeu chamadas daquele número. Ele ficou entre estupefato e irado.
Saiu chutando lata. Sobrou apenas uma q ele recuperou, ofensiva,
dizendo-lhe coisas q lhe feriram ainda mais. A questão é: como
alguém, um terceiro, interfere na vida de um outro alguém e muda o
seu destino? Para sempre. E como fazemos isso!
Episódio dois. Fernanda
namorava fazia anos, apaixonada. Um dia uma grande amiga lhe conta
que vira o amor dela com outra num restaurante. Detalhes à parte,
rompeu-se a relação. E o mundo ruiu. Crise, choradeira, depressão,
buraco negro. A questão é: essa amiga deveria ter contado? Você
contaria? Mas contando, mudou o destino daquela criatura. Para
sempre.
Terceiro episódio. Marcos,
também apaixonado, liga para a namorada. A ligação passa por uma
telefonista q lhe coloca numa conversa do seu amor com outro homem, e
este a convida para um jantar no seu apartamento e diz q a champanhe
já estava lá esperando. Marcos não ouviu mais nada, saiu
caminhando no rumo do nada. Como aconteceu com Fernanda, seu mundo
caiu. A telefonista mudou o destino de Marcos. Para sempre.
A questão é: nós temos o
direito de mexer na vida dos outros assim? E os outros na nossa? Seja
lá porque motivos foram, as histórias q estão por trás, aqui não
vem ao caso, mudou-se o destino de três pessoas. Creio q cada uma
das q interferiram na vida de Marcelo, Fernanda e Marcos, e mudaram
seus destinos, no fundo agiram assim porque queriam, justamente,
interferir nos seus destinos. Mas tinham esse direito? Elas sabiam a
intensidade dos sentimentos envolvidos? É complicado não julgar, e
julgando, não condenar.
Todas as relações amorosas
passam por motivos de conflito, tensão, dúvida. Você já passou
ou, quem sabe, até mesmo passa por algo assim nesse momento. E como
se diz: ninguém é uma ilha. Vai lá desabafar, se aconselhar com
amigos e amigas. Mesmo sendo diferente dos três casos narrados
acima, a gente escuta os outros. E os outros, mesmo com as melhores
intenções, falam e interferem também no seu destino. Dizem coisas
que lhe ajudam e dizem coisas que lhe perturbam, e até causam o fim
da sua relação. Como dizia Sarte: o inferno são os outros. O mundo
está sempre no meio das suas relações, todas elas, familiares,
profissionais, amorosas. Diante dessa colocação q não somos ilhas,
a ideia q me ocorre é q deveríamos agir mais como um istmo (lembra
das aulas de geografia?), aquele pedaço de terra q entra mar
adentro, mas está sempre ligado com o continente. O continente é a
sua alma, o seu interior. Vá lá, ouça os outros, mas volte sempre
para dentro de você. Só você sabe o tanto do seu sentimento, do
seu sonho, do seu desejo, dos seus erros, ou da sua dor. Pra
encerrar, uma história q gosto muito. Dois monges contemplavam os
peixinhos num córrego, quando um deles diz: “como os peixes são
felizes!”. E o outro respondeu: “Como você sabe, você não é
um peixe?”. Ao que o primeiro rebateu: Como você sabe q eu não sei?, você não é
eu!”
Seja mais você, sempre. Escute
o mundo, ilha q é, mas ouça mais o seu interior, o seu continente,
seja mais istmo. A sua vida é só sua. E é istmo mesmo!!
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