O
paraíso pode não estar numa praia maravilhosa, água azul, uma rede
entre dois coqueiros, nuvens raras de algodão passeando pelo céu. O
paraíso pode estar num quarto simples, apenas com um ar-condicionado
a 17 graus e onde duas pessoas se aquecem e esquecem do mundo lá
fora, mergulhados num edredom. O paraíso está em duas pessoas.
O
paraíso não está no sexo performático, exibição de técnica e
resistência. Ele está no aconchego dos corpos, no fazer amor do
cotidiano, de corpos que se conhecem e se amam, na leveza do toque
que acaricia também a alma. O paraíso está muito mais no suspiro,
do que no grito. O paraíso está em duas pessoas!
A felicidade não está num café
refinado, com mil guloseimas, talheres finos e mãos que dançam
entre eles. A felicidade pode estar em duas pessoas saboreando o mais
simples café preto com pão com margarina dividido com olhares,
delicadezas e mesmo o não falar, porque como disse Mário Quintana
“amizade é quando o silencio não se torna incômodo. Amor, é
quando o silencio se torna cômodo”.
A
felicidade não está num jantar chiquérrimo, talheres finos e mãos
que dançam entre eles. A felicidade pode estar numa toalha
estendida no chão, duas velas acesas, pães torrados, especiarias
baratas compradas no supermercado, e Rod Stewart cantando “The Way
You Look Tonight”.
A
felicidade pode estar apenas em andar de mãos dadas sem pressa a
esmo por uma rua feia, cheia de pessoas tristes e cães vagabundos
vagando - uma rua q se faz linda, porque a felicidade está em duas
pessoas.
A
felicidade não está em construir uma grande casa, casa é feita de
pedra e o tempo destrói. A felicidade é construir dentro da gente
um lugar sereno e amoroso, com almofadinhas confortáveis, pra se
aconchegar e amar o amor. A felicidade é feita de sentimento, que
o tempo não destrói. A felicidade está em duas pessoas. E só
nessas duas. As outras são figurantes, espectadores da consumação
de um projeto chamado paraíso, ou melhor, um projeto chamado duas
pessoas.
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